IPH - Instituto de Pesquisas Hospitalares

Irineu Breitman Biografia

Irineu Breitman

Nascido em 03 de junho de 1930, Irineu Breitman é natural de Cachoeira do Sul, filho do fotógrafo Sioma Breitman, ucraniano que imigrou para o Brasil em 1924 e que construiu sua carreira fotografando pessoas e lugares. A sensibilidade herdada do pai permeia sua obra arquitetônica, que abrange os mais diversos tipos de edifícios, dentre os quais se destacam os hospitais.

Destinado a tornar-se engenheiro e professor de matemática, o jovem Irineu muda de ideia após se encantar com uma revista argentina de arquitetura, que lhe foi apresentada por um colega. Matriculou-se então no Instituto de Belas Artes, atual Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, formando-se em 25 de junho de 1953. Curiosamente, um ano antes de sua formação, é autor do projeto para o Colégio Israelita Brasileiro de Porto Alegre, já demonstrando seu grande potencial.

Pouco tempo depois, em 1954, tem sua primeira experiência com os edifícios hospitalares com aquele que viria a ser um dos mais importantes hospitais da capital gaúcha: o Hospital Fêmina, dedicado à saúde da mulher. Inspirado nos princípios da Escola Carioca, mais precisamente na arquitetura de Jorge Machado Moreira, o projeto propõe uma lâmina vertical suspensa por pilotis, com nove pavimentos (térreo, mezanino e mais oito andares), um pavimento inferior permeado por dois grandes jardins e um volume com três pavimentos localizado mais ao fundo do lote. O hospital, que não chegou a ser construído de acordo com o projeto inicial, teve consultoria do arquiteto Jarbas Karman, que havia retornado anos antes de um período de estudos sobre o tema na América do Norte.

Cada vez mais interessado pela arquitetura de hospitais, pouco a pouco foi abandonando as inspirações de sua formação, seguindo em busca de soluções que correspondessem melhor ao complexo programa funcional, a eficiência operacional e ao conforto dos pacientes e funcionários. 

Na década de 1950 ganhou o concurso de arquitetura para a construção da casa de repouso "Lar dos Velhos", com um projeto horizontal, em somente dois pavimentos; recebeu uma "Medalha de Bronze" e uma "Medalha de Prata" em duas importantes premiações em Porto Alegre e foi, pela primeira vez, presidente do IAB-RS.

Na década de 1960 recebeu a medalha de Prata no I Salão de Arquitetura do Rio Grande do Sul, projetou uma série de casas em Pelotas e Porto Alegre, voltou a ser presidente do IAB-RS, tornou-se professor de projeto na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e projetou a Clínica Pinel, destinada ao tratamento de doenças psiquiátricas. 

Sua produção se intensificou na década de 1970, com a fundação da HOSPLAN, empresa que reuniu diversos profissionais com experiências em projetos de instituições de saúde. Nesse momento teve início a parceria com o médico e administrador Paulo Lindolfo Lamb, que prestava consultoria na área de planejamento hospitalar. Em 1974 projetou o Hospital Miguel Piltcher, onde desenhou pela primeira vez, a cobertura em sheds de concreto, possivelmente inspirado em projetos industriais para prover iluminação e ventilação naturais aos ambientes internos localizados no interior do andar. 

A preferência pelos hospitais horizontais se consolida em 1977, com o projeto do Hospital Infantil Joana de Gusmão, cujo programa hospitalar se desenvolve em dois pavimentos com pisos desencontrados, possibilitando o uso de meias-rampas para a circulação vertical. No mesmo ano passa a lecionar Arquitetura Hospitalar no Curso de Especialização em Administração Hospitalar da Associação dos Hospitais do Estado do Rio Grande do Sul e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, dando início ao trabalho de educação e divulgação do conhecimento na área de arquitetura de edifícios hospitalares.

Nos anos seguintes projetou três hospitais públicos de grande porte no estado de Santa Catarina: Hospital Regional Dr. Hans Dieter Schmidt, em Joinville; Hospital Regional São José, em Florianópolis; Hospital Regional do Oeste, em Chapecó. O primeiro é um hospital horizontal, com pisos desencontrados conectados por meias-rampas, semelhantes ao Joana de Gusmão. Já os outros dois guardam mais semelhanças com o Hospital Miguel Piltcher, por terem uma base horizontal, que abriga a maior parte dos serviços hospitalares e uma torre com as unidades de internação. As coberturas em sheds estão presentes nesses dois hospitais.

Nas décadas subsequentes participou de uma série de congressos e eventos nacionais e internacionais voltados para a área da saúde, divulgando suas experiências com os projetos de edifícios hospitalares, defendendo o desenvolvimento horizontal e o cuidado para com o conforto físico e psicológico dos usuários. Em 1998 projetou o Hospital-Escola para a Universidade de Passo Fundo, juntamente com seu filho e também arquiteto Lucio Breitman, o edifício não chegou a ser construído. Foi homenageado em diversas oportunidades, como no Congresso da ADH em 2004 e na Faculdade de Arquitetura da PUC-RS em 2010.

Para conhecer mais sobre Irineu Breitman leia: A arquitetura de hospitais de Irineu Breitman

Fonte: Vicente, Erick Rodrigo da Silva. A arquitetura de hospitais de Irineu Breitman. Revista IPH, São Paulo, n. 15, p.35-56, 2018.

http://www.iph.org.br/revista-iph/materia/a-arquitetura-de-hospitais-de-irineu-breitman

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