IPH - Instituto de Pesquisas Hospitalares

Publicações Revista IPH Revista IPH Nº 12: Anais Entrevista com o Presidente da FBAH

Revista IPH Nº 12
Entrevista com o Presidente da FBAH Valdesir Galvan
IPH - Quais são os planos da FBAH para os anos de 2015 e 2016? Como você vê as discussões que estão em pauta no Congresso? Sabemos que há questões bastante sérias na saúde brasileira, financiamento, a situação dos planos privados muito onerosos, a crise econômica que afeta a todos, não só a área da saúde. Entre um dos administradores da área da saúde e como presidente da Federação, como você percebe este momento atual no Brasil? E os parceiros, entre os latino-americanos, acredito que seja um ganho esse diálogo latino-americano, como você vê a busca de soluções para a Saúde?

Valdesir Galvan - O grande foco de discussões deste Congresso é exatamente esta crise econômica pela qual o país passa. Então o ser humano acaba focando na crise e esquece da grande oportunidade no Sistema de Saúde. Porque, se formos olhar do ponto de vista do financiamento, o Sistema de Saúde Público no Brasil está em crise há muito tempo. Ele é subfinanciado, ele vem enfrentando todas essas dificuldades. Por isso, eu vejo que é uma grande oportunidade de sair da zona de conforto, já que estamos discutindo exatamente isso, e fazer a coisa diferente. Porque fazendo da forma que estamos fazendo nesta crise, se não mudarmos essa forma de fazer, realmente nós vamos sentir muito mais a crise. Então o que tem que ser feito é exatamente buscar outras formas de fazer gestão, rever processos, rever modelos. Acho que o Brasil está precisando, hoje, rever o modelo de remuneração, tanto na saúde pública quanto na privada. Acredito que o público-privado tem que ter uma parceria maior, uma integração maior. Acho que o público-privado pode contribuir bastante com a saúde pública e, principalmente, com o modelo de remuneração. O modelo de remuneração não está satisfatório para ninguém. Nem para quem paga a conta e nem para quem recebe o serviço, então ele está meio sem controle. 

No privado você vê aí recentemente a situação da chamada máfia de órteses e próteses que é um mercado que sempre existiu, uma hora é na cardiologia, outra na ortopedia, outra hora é na oncologia. Como sempre tem isso, eu acho que é o momento de se discutir a forma de remuneração. Porque durante muito tempo os hospitais se concentraram em cima de ganhos em materiais e medicamentos e esqueceram um pouco da hotelaria. Por quê? Porque também os planos de saúde na outra ponta não reconhecia esse trabalho, a infraestrutura dos hospitais remunerava muito pouco, então os hospitais acharam a saída nos materiais e medicamentos. 

Do ponto de vista público, acho que o subfinanciamento está muito claro. O SUS, o formato dele, a tabela do SUS está condenada, porque é impossível hoje. Eu não conheço nenhuma instituição que sobreviva do SUS, não consegue se manter, porque o valor que as instituições recebem de remuneração é 30% dos custos. Então, de cada cem reais que custa um procedimento, o SUS paga trinta reais. Ou seja, você tem que arrumar mais setenta reais de outra forma para cobrir esse custo. Eu acho que esse é um grande questionamento que o Sistema de Saúde passa no momento para discutir este modelo, mais especificamente do ponto de vista do financiamento. Nós temos ainda a dificuldade do acesso, nem todo mundo tem acesso ao Sistema de Saúde adequado, temos acompanhado muito isso na mídia que tem filas, a dificuldade de agendar consultas por falta de médicos. Por isso, acredito que é o momento de rever este modelo. Neste Congresso, a Federação entrou exatamente nesse sentido para discutir um pouco esses modelos, discutir um pouco a situação atual. Cabe a nós, gestores, encontrar uma saída para essa situação toda, pelo menos tentar achar uma situação mais confortável.
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