IPH - Instituto de Pesquisas Hospitalares

Publicações Revista IPH Revista IPH Nº 15 Humanização no Ambiente Hospitalar

Humanização no Ambiente Hospitalar Gúliti Ricardo Fagundes Nascimento

Introdução


A humanização nos estabelecimentos de saúde está relacionada à estrutura física espacial do edifício, gerada a partir de projetos de arquitetura, esta busca padrões de projeto que proporcionem a satisfação e o bem-estar dos seus usuários utilizando-se de artifícios e de organização em sua ambientação, tranquilizando o ser humano.

No Brasil, poucos estudos abordam a humanização hospitalar, pois o emprego desse termo pode, muitas vezes, ser utilizado para caracterizar a estrutura física de um estabelecimento ou do serviço que ele presta à população. 

No tocante, há quem diga que, no ramo da assistência médico-hospitalar, o ambiente humanizado é uma prática constante, principalmente, porque existe uma ideia de que para atrair clientes é necessário ter um padrão superior de qualidade. Já para outros, ambiente humanizado é aquele no qual existem pessoas que prestam trabalhos voluntários. Portanto, os conhecimentos científicos proporcionaram um entendimento maior sobre a interferência do meio ambiente na saúde das pessoas. Sabe-se também que há diversas fontes que podem tanto causar danos à saúde como ajudar nos tratamentos de doenças, sendo importante considerar que a natureza do trabalho da assistência médico-hospitalar vem se transformando ao longo dos anos, agregando-se novos valores em busca de uma melhor qualidade de vida para os clientes por meio de mudanças nos aspectos ambientais dos estabelecimentos de saúde, passando a fazer parte da garantia e do cuidado com o cliente no resultado de seu tratamento.

Para Fontes (2004), a humanização em ambientes de saúde tem sido levada em consideração ao se projetar. O autor ainda argumenta que:

O conceito de humanização do atendimento tem sido aplicado nos mais recentes projetos em arquitetura da saúde, representando o desdobramento de um novo enfoque, centrado no usuário, que passa a ser entendido de forma holística, como parte de um contexto, e não mais como o conjunto de sintomas e patologias a serem estudadas pelas especialidades médica.  (FONTES, 2004. p.59).

No entanto, deve-se existir uma preocupação com o paciente como um todo, eliminando, nesses espaços, diversos fatores como ruídos; cores vibrantes; texturas; e poluição do ar, procurando colocar o usuário em contato com a natureza por meio de aberturas que propiciem maior visão ao meio externo. A inserção de jardins internos tem sido uma das alternativas para melhorar a qualidade no meio físico.

A cor é considerada um estimulante psíquico de grande potência que pode afetar o humor, a sensibilidade e produzir impressões, emoções e reflexos sensoriais muito importantes, podendo perturbar o estado de consciência, impulsionar um desejo, ativar a imaginação ou produzir um sentimento de simpatia ou repulsa, atuando como uma energia estimulante ou tranquilizante. Seu efeito pode ser quente ou frio, aproximativo ou retrocessivo, de tensão ou de repouso (COSTI, 2002, p.115).

A utilização das cores deve ser levada em consideração, pois ajuda no processo terapêutico e no equilíbrio do corpo e da mente. Seu uso adequado promove o bem-estar, no entanto, é preferível que exista harmonia entre iluminação e o uso das cores nesses espaços, deixando-os funcionais e ao mesmo tempo acolhedores, proporcionando estímulos e sensações aos seus usuários.

Para Lida (2002), a cor atrai a atenção de acordo com sua visibilidade e depende do contraste e da pureza. Para que sejam bastante visíveis, elas devem ser usadas juntamente com as suas complementares, porém suavizadas (com o branco) ou escurecidas (com o preto), porém, para a atenção permanente, tornam-se cansativas, pois são vibrantes (amarelo, em fundo azul, verde em fundo magenta ou vermelho em fundo cyan).

No Brasil, outro fator de grande relevância na maioria dos estabelecimentos de saúde é que boa parte destes são desprovidos de qualquer tipo de iluminação, ou seja, todos os ambientes são tratados da mesma forma. Todavia, esta não é a maneira adequada, pois cada espaço tem sua necessidade e o seu desempenho. 

Neste contexto, deve-se verificar os benefícios que a luz traz à saúde, não devendo ser somente tratada como um recurso puramente visual. Para a execução das atividades nas unidades que compõem o complexo hospitalar (como os procedimentos diversos, os exames, o repouso, o lazer e a vigília) é importante prever sistemas de iluminação que favoreçam a sua realização com qualidade e segurança (ANVISA, 2007).

A iluminação natural deve ser inserida no edifício com a intenção de melhorar a qualidade física do espaço e contribuir para a recuperação dos doentes, esta também pode ser usada na redução do consumo energético, diminuindo a necessidade do uso da iluminação artificial e de equipamentos de ar-condicionado. Por fim, as cores e a iluminação, quando em harmonia, podem ajudar na recuperação dos pacientes, trazendo significativos avanços ao tratamento bem como para a humanização desses espaços, tornando estes agradáveis e confortáveis.

Portanto, uma instituição centrada no paciente inclui inúmeros fatores, sendo o ambiente físico um deles. Para que o projeto arquitetônico se aproxime das necessidades dos pacientes, as avaliações do edifício, depois do início do seu funcionamento, tornam-se essenciais e devem fazer parte das etapas do projeto (CARPMAN et al., 1986; MALKIN, 1992).

No entanto, procura-se levar em consideração as questões de humanização, para a projeção de espaços que transmitam conforto aos pacientes, e assim buscar soluções que visem atender às necessidades técnicas e humanas com a criação de ambientes de lazer e convívio que se integrem como instrumentos nas ações terapêuticas para o bem estar físico e mental do paciente, fazendo, assim, com que a estrutura física do edifício seja mais flexível às novas tecnologias para que possa desenvolver condições mais humanas.

Metodologia


Trata-se de um trabalho quantitativo de revisão teórica abordando a discussão de soluções de conforto ambiental que auxiliem na melhoria da qualidade física do espaço e no processo de humanização das unidades hospitalares em geral. Tal método se fez por meio de revisão bibliográfica em artigos científicos; livros; trabalhos acadêmicos; e bibliotecas virtuais de saúde, como o manual de Conforto Ambiental em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde - ANVISA, Política Nacional de Humanização e Humanização Hospitalar.

Conforto acústico


O ambiente hospitalar exige condições de conforto acústico especial que ofereça, por um lado, níveis de ruído que atendam às recomendações estabelecidas pelas normas técnicas e, por outro, um local para situações e equipamentos que produzam elevado nível de ruídos, já que o ruído desnecessário é a mais cruel ausência de cuidado (apud HOSKING, 1999, p. 163).

O arquiteto e engenheiro, Jarbas Karman, considera que dentre os vícios de origem da construção dos estabelecimentos de saúde, os ruídos e as vibrações deixam poucas alternativas de soluções posteriores para a manutenção e a segurança. Ele avalia que os locais e os equipamentos prediais e especiais das instalações hospitalares são agrupamentos barulhentos que requerem implantação específica com delimitações de localização adequadas (KARMAN, 2011, p. 78).

Para o médico e professor J. C. Yoder, da Pritzker Escola de Medicina da Universidade de Chicago, os ruídos produzidos em ambientes hospitalares colocam os pacientes em condições de risco. Ele argumenta que "hospitais deveriam implementar intervenções para reduzir os ruídos noturnos em um esforço para promover a satisfação e a recuperação do paciente, pois reduzir ruídos pode ser uma forma simples de adotar hábitos cuidadosos" (YODER, 2012, p. 1).

Portanto, é recomendável que na ocasião da escolha dos materiais de revestimento destinados a corrigir as performances acústicas se utilize de prudência e conhecimento técnico para combinar elementos higiênicos com elementos acústicos. A escolha do piso pode facilitar a manutenção de um ambiente saudável, contribuindo para o controle da infecção hospitalar e, consequentemente, para o conforto do paciente e dos demais usuários. Esse material deve ser resistente à abrasão e a outros impactos aos quais será submetido, bem como à lavagem e à aplicação de produtos químicos para desinfecção, além de considerar o desgaste resultante da circulação das pessoas e dos equipamentos (MIGUEZ, 2013, p. 2).

O uso de determinados materiais em revestimentos de pisos, como mantas ou placas vinílicas, borracha ou linóleos, pode reduzir a reverberação de ruídos no ambiente hospitalar. Além dos revestimentos emborrachados e vinílicos, existem pisos condutivos especiais para salas cirúrgicas e outros ambientes que exijam condições específicas de aterramento (ANVISA, 2014).

Os materiais para revestimento de teto podem ser importantes auxiliares na qualidade do conforto acústico nos ambientes de saúde, os mesmos podem ser fixos ou removíveis e, para cada um destes, há fatores a se considerar sob o aspecto da contribuição para a redução dos ruídos, em que se deve levar em conta tanto a prevenção quanto o controle de infecção com base nas recomendações de assepsia e limpeza, pois, de acordo com a RDC n. 50, os materiais adequados para o revestimento de paredes, pisos e tetos de ambientes de áreas críticas e semicríticas devem ser resistentes à lavagem e ao uso de desinfetantes (BRASIL, 2002, p. 107).

Alguns ruídos específicos gerados em estabelecimentos de assistência à saúde são fontes significativas de desconforto tanto para pacientes quanto para os profissionais que lidam diretamente com as atividades assistenciais. Geralmente, pouco se tem controle sobre esses ruídos, o que resulta em uma situação com representativo valor de desconforto humano no ambiente hospitalar (ANVISA, 2014).

No entanto, deve-se observar a intensidade do impacto de reverberação do som que cada um desses materiais pode produzir no ambiente e, por consequência, o desconforto acústico em que cada um pode gerar.


Conforto visual: iluminação e cores


Para se estabelecer a qualidade do ambiente construído para assistência à saúde, há de se considerar os aspectos de conforto visual proporcionado pelos componentes de luz e cor com o objetivo de facilitar o desempenho das atividades a serem desenvolvidas.

Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em sua NBR ISO/CIE 8.995 -1 - Iluminação de ambientes de trabalho (2013, p. 1).:

Uma boa iluminação propicia a visualização do ambiente, permitindo que as pessoas vejam, se movam com segurança e desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, precisa e segura, sem causar fadiga visual e desconforto. A iluminação pode ser natural, artificial ou uma combinação de ambas.

Portanto, o controle do uso da luz e de sua intensidade deve constituir uma preocupação na hora de projetar ambientes hospitalares, o conforto visual do ambiente pode encorajar a ativa consciência na participação da ação terapêutica. O desenho do ambiente deve, portanto, levar em conta as demandas lumínicas do usuário, além da essencialidade das condições naturais do ambiente.

Dessa forma, a inserção de aberturas para a paisagem externa deve ser um componente efetivamente integrado às soluções projetuais por meio de materiais e elementos arquitetônicos que contemplem a privacidade dos usuários do ambiente hospitalar, como brise-soleil/quebra-sol; varandas; e demais elementos arquitetônicos que contribuam para o aproveitamento das condições naturais. (ANVISA, 2014).

Em locais destinados à internação, onde o usuário pode permanecer por muitas horas ou dias, as condições de iluminação artificial e a visualização do ambiente externo podem trazer conforto, além da importante percepção ou orientação do tempo em face do ciclo circadiano. O projeto deverá contemplar também a especificidade da atividade desenvolvida em cada ambiente e o impacto ergonômico da iluminação sobre os usuários. Para os ambientes de emergência, salas cirúrgicas, unidades de terapia intensiva e demais áreas críticas, os efeitos do impacto visual provocado pela iluminação excessiva podem resultar em desconfortos emocionais relevantes, produzindo irritação e estresse, emoções que reduzem a qualidade da assistência. (ANVISA, 2014).

No entanto, uma abordagem importante a ser considerada em projetos de ambientes de saúde que se proponham a oferecer melhor qualidade de conforto refere-se às recomendações da FGI quanto a iluminação natural e vista para a paisagem natural sempre que for possível (FGI, 2010, p. 15).

Cores


A utilização de referências cromáticas na ambientação dos edifícios de saúde tem sido uma prática recorrente. Soluções humanizadas, como salas do centro cirúrgico com cores distintas e janelas entre elas e com face ao exterior; e uma unidade de terapia intensiva igualmente tratada e com visualização das condições cromáticas externas, podem tornar o ambiente hospitalar menos austero e, ao mesmo tempo, manter o rigor e a formalidade inerentes aos seus procedimentos e funções. (ANVISA, 2014).

O projeto arquitetônico é um elo fundamental entre as expectativas do usuário e a efetividade das ações desenvolvidas no ambiente construído. O mesmo deve compatibilizar a produção dos serviços para os quais foi projetado com a função terapêutica complementar ao cuidado médico que a edificação também terá de assumir. Se não for possível comprovar-se essa função terapêutica, deve-se esperar, ao menos, que a arquitetura não interfira negativamente no tratamento dos pacientes. (ANVISA, 2014).

A arquitetura e a ambientação dos espaços têm uma função importante na humanização, pois se os medicamentos podem aliviar as dores físicas, as cores podem aliviar a monotonia de prolongados confinamentos. As cores nas paredes de um ambiente onde são realizados serviços de saúde representam valores abstratos, percepção única para cada usuário. De um modo ou de outro, a qualidade da assistência não será alterada pelas cores, mas elas poderão oferecer uma sensação tanto quanto necessária aos usuários do local. 

As cores apresentam diversas funções e efeitos, além do componente de plasticidade sobre o indivíduo: efeitos biológicos, efeitos psicológicos, simbologia de segurança como ordenador e orientador do espaço (COSTI, 2002; GRANDJEAN,1998; IIDA, 1997).

A cor é o aspecto mais perceptível, pois estabelece um vínculo social, geográfico e cultural com a idade e a sensibilidade de cada pessoa. Não existe uma recomendação de cor padrão, nenhum tratamento cromático pode ser definido como regra, não existe solução unívoca, mas é sempre útil criar um ambiente identificado com a cultura local, avizinhado ao ambiente doméstico capaz de dar um sentido de calor (ROMANELLO, 2006, p. 84).

Contudo, os ambientes de saúde requerem cuidados pela diversidade de usuários. A cor é um poderoso idioma que pode afetar muito mais do que condições mentais, ânimo e percepção de tempo, mas podem influir também em nossa percepção de volume, forma, espaço e perspectiva (HOSKING, 1999, p. 119).

Referencial teórico


Nas últimas décadas, o hospital tem se tornado um espaço para cura de várias enfermidades. A preocupação em se ter ambientes mais arejados, bem iluminados, que possam garantir as atividades dos usuários e amenizar a permanência desgastante de seus pacientes proporciona cada vez mais discussões e melhorias para esses espaços.

"Humanizar significa dar condições humanas a qualquer coisa ou lugar. É entendida como valor, na medida que resgata o respeito à vida humana. Abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano." (VASCONCELLOS, 2004, p.23).

Os edifícios hospitalares foram evoluindo ao longo do tempo com as novas tecnologias de cada época, as preocupações com a higienização desses espaços e as soluções arquitetônicas que priorizam iluminação e ventilação naturais, dentre outros (COSTI, 2002).

Sendo assim, a influência da luz no ambiente hospitalar, tanto nos espaços destinados ao uso de pacientes quanto naqueles destinados aos trabalhadores, tem sido tratada por alguns profissionais a partir das novas abordagens da iluminação para esses locais (FONSECA, 2000 apud HOREVICZ e DE CUNTO, 2007). 

Para Toledo (2006), a percepção do usuário em relação à edificação hospitalar no Brasil tem sido pouco explorada com enfoque na humanização, limitando o atendimento das expectativas e necessidades dos usuários nesses estabelecimentos. Tal limitação, consequentemente, irá refletir, segundo o autor, na qualidade do projeto e na humanização dos ambientes hospitalares.

Ressalta ainda que os requisitos visuais de ambos os usuários abrangem elementos quantitativos e qualitativos referentes à iluminação. No entanto, são usualmente adotados padrões projetuais já consagrados que nem sempre se revelam como os mais adequados, resultando em soluções insuficientes ou que não refletem as necessidades de atendimento ou da demanda pretendida (TOLEDO, 2006, p. 96).

Para Zumtobel (2008), a luz natural é fator dominante durante o dia nesses ambientes em que se deve prever a demarcação das funções principais com a iluminação artificial adequada para a utilização durante o período noturno. Em locais com pouca iluminação natural, há a possibilidade de se criar, com iluminação artificial, os efeitos da luz natural diurna com variações nos diversos horários do dia, visto que, tais efeitos podem reduzir a tensão da espera gerando bem-estar e auxiliando no relaxamento dos acompanhantes. Desse modo, o projeto de iluminação dos ambientes do complexo hospitalar constitui-se em uma importante etapa do planejamento do edifício como um todo, principalmente, se pensado como principal fator para promover a humanização do espaço físico (ZUMTOBEL, 2008).

Mezono (1995) ressalta que a humanização nos hospitais passa pela humanização da sociedade como um todo, não se esquecendo de que uma sociedade violenta, iníqua e excludente interfere no contexto das instituições de saúde, a hospitalar principalmente. Humanização em instituições hospitalares significa tudo quanto seja necessário para tornar a instituição adequada ao indivíduo e aos seus direitos.

Dessa maneira, fica evidente que edifícios hospitalares bem ventilados e iluminados, com boas condições de conforto no seu interior, aceleram o processo de cura dos pacientes, já que estes se sentem mais confortáveis ao enfrentarem as rotinas desgastantes de suas internações.

No Brasil, conceitos de humanização são estabelecidos por programas de governo por meio do Ministério da Saúde, como, por exemplo, o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH); o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN); e a Política Nacional de Humanização (PNH) (VAITSMAN; ANDRADE, 2005). Já o HumanizaSUS foi criado com o objetivo de levar assistência humanizada aos usuários do Sistema Único de Saúde, pois acredita-se que os investimentos em equipamentos, tecnologias e recuperação física dos estabelecimentos devem estar aliados à qualidade do gerenciamento das instituições e também aos atendimentos à população (BRASIL, 2002).

Ações em parceria com Secretarias de Saúde e hospitais têm tido avanços importantes na relação entre usuários e profissionais, além da melhor organização dos atendimentos; nos cuidados das instalações; na melhoraria do acesso; nas formas de comunicação do hospital; e no treinamento para a implantação de projetos de humanização (BRASIL, 2002).

A humanização pode ser compreendida como a democratização das relações entre trabalhadores, usuários e gestores. A Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS) é entendida como um modelo de produção de cuidado com maior resolutividade e com foco central em comunicar e trocar informações entre os saberes, diálogo, escuta e decisões compartilhadas entre trabalhadores, gestores e usuários (KLOCK et al., 2006).

No entanto, a integração desses ambientes hospitalares faz parte de um processo de humanização que tem se tornado cada vez mais comum a esses estabelecimentos de saúde, pois a forma como o usuário percebe o ambiente irá definir a conduta de interação usuário/espaço, esta podendo ser positiva ou negativa para sua recuperação.

A qualidade do ambiente hospitalar pode acelerar o processo de cura, reduzindo o tempo de internação e, consequentemente, os custos com manutenção de pacientes hospitalizados. A humanização destes ambientes torna o paciente o centro das atenções. Torna indivisível a relação existente entre o corpo, mente e espírito. Por isso, considera-se a qualidade do ambiente e a influência física ou psicológica, que ele exerce sobre o paciente, uma contribuição fundamental para o processo de tratamento. (LINTON, 1992, p. 126).

Considerações finais


Abordou-se neste artigo o termo humanização como principal campo da arquitetura hospitalar nos estabelecimentos assistenciais de saúde.

No Brasil, esse conceito de ambiente humanizado ainda se encontra em fase inicial, visto que os hospitais, por serem grandes construções com várias especificidades técnicas e fluxos diferenciados, necessitam de uma base teórica consistente para projetá-los, a qual precisa reavaliar a verdadeira função do edifício hospitalar, criando ambientes que contribuam efetivamente para a recuperação do paciente.

A humanização dos estabelecimentos de saúde é de suma importância, pois, além de contribuir para o processo terapêutico do paciente, contribui para a qualidade dos serviços de saúde prestados pelos profissionais ali inseridos.

Portanto, a integração interior/exterior é importante no ambiente hospitalar tanto para pacientes se sentirem bem e se recuperarem de forma mais rápida quanto para funcionários desempenharem melhor suas atividades por trabalharem em ambientes mais agradáveis e com menor nível de estresse, garantindo, assim, uma economia significativa devido ao menor tempo de hospitalização dos pacientes e ao menor consumo de medicamentos, política esta que envolve todos os atores e pode ser colocada em prática de imediato por exigir apenas uma decisão de mudar a forma de ver o outro.


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