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Publicações Revista IPH Revista IPH Nº18 Revestimento de pisos hospitalares: Estudo de caso da manta vinílica aplicada em um hospital de Salvador, BA

Revestimento de pisos hospitalares: Estudo de caso da manta vinílica aplicada em um hospital de Salvador, BA Bruna Pereira Magalhães

RESUMO


A manta vinílica é um tipo de revestimento de piso composto de policloreto de vinila (PVC) que vem sendo bastante utilizada nos ambientes hospitalares pelo baixo custo, diferentes tamanhos e cores, fácil aplicabilidade e manutenção. O objetivo deste artigo foi analisar a 
aplicação da manta vinílica no maior hospital público do Norte e Nordeste, localizado na cidade de Salvador, Bahia, com intuito de melhorar a sua aplicação nesses ambientes. Esta análise foi desenvolvida através de um estudo de caso num setor específico do hospital, a Hemodinâmica. O estudo foi desenvolvido através de pesquisas em artigos já publicados sobre o setor hospitalar e suas normas, além do processo de instalação da manta vinílica para entender melhor o objeto e o material a ser estudado. A partir dos conhecimentos adquiridos, o estudo foi desenvolvido com a verificação in loco do método de aplicação da manta vinílica e a avaliação do resultado quanto às exigências físicas e higiênicas para um hospital. 

Palavras-chave: Manta vinílica, revestimento de pisos hospitalares. Hemodinâmica.

1 INTRODUÇÃO


Os revestimentos para piso são de grande importância para qualquer empreendimento, visto que podem proporcionar conforto ao usuário, além de acabamento e funcionalidade para os ambientes. No entanto, é necessário fazer um estudo criterioso acerca da sua utilização, haja vista ser necessária a preocupação quanto ao desempenho técnico do revestimento: durabilidade, segurança, limpeza, aparência, 
acústica e manutenção.

Nos ambientes hospitalares, a manta vinílica vem sendo bastante utilizada devido à sua facilidade de aplicação, manutenção e limpeza, além do custo-benefício. Além disso, este revestimento atende aos requisitos normativos descritos na Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Resolução de Diretoria Colegiada nº 50/2002 (RDC).
Este artigo tem como objetivo avaliar a qualidade da aplicação da manta vinílica e analisar se esta atende ou não às exigências físicas e sanitárias de um ambiente hospitalar.

O hospital em estudo, inaugurado no final dos anos 80, é o maior das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Com mais de 600 leitos, atende, por mês, 120 mil pessoas em ambulatório e 1,3 mil internamentos, além de realizar 3.500 partos por ano, tornando-se referência em áreas como  obstetrícia, pediatria, fisioterapia e ortopedia, além de procedimentos de grande complexidade, como a neurocirurgia (INTS, 2019).

O presente estudo foi desenvolvido, primeiramente, a partir de uma pesquisa bibliográfica, com o objetivo de conhecer as normas e as especificações de um ambiente hospitalar e da manta vinílica para poder analisar a aplicabilidade do revestimento. Com isso, algumas visitas foram realizadas no local, de modo a acompanhar e analisar a instalação do material e, portanto, averiguar as condições de eficiência higiênica e física de uma manta vinílica no hospital. Este estudo, além de abordar aspectos técnicos, se destaca no seu caráter social, uma vez que visa ao aprimoramento da aplicação deste revestimento em atendimento a todas as necessidades funcionais e sanitárias de um hospital, objetivando a redução de riscos de infecção hospitalar.


2 REVESTIMENTOS DE PISOS


2.1 Conceitos gerais


Em ambiente hospitalar, a escolha do revestimento para piso é estabelecida pela funcionalidade da instituição, que, segundo a RDC nº 50/2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2002, p. 36), é entendida "[...] como o espaço fisicamente determinado e especializado para o desenvolvimento de determinada(s) atividade(s), caracterizado por dimensões e instalações diferenciadas".

Os ambientes de um hospital, conforme a RDC nº 50/2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, são classificados quanto à transmissibilidade de doenças pelos seguintes critérios:

Áreas críticas - são os ambientes onde existe risco aumentado de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos de risco, com ou sem pacientes, ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos;Áreas semicríticas - são todos os compartimentos ocupados por pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas;Áreas não críticas - são todos os demais compartimentos dos EASs [Estabelecimento Assistencial de Saúde] não ocupados por pacientes, onde não se realizam procedimentos de risco (BRASIL, 2002, p. 99).

Os ambientes, segundo a RDC nº 50/2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2002, p. 92), devem seguir as "[...] exigências de conforto higrotérmico e luminoso, que na localização da edificação no terreno devam ser seguidas as exigências do código de obras local". Com isso, é necessário observar a funcionalidade do local a partir das características do sistema populacional que o utiliza e dos aparelhos e 
equipamentos presentes.

Neste sentido, os materiais para os revestimentos nesses ambientes hospitalares, segundo a RDC nº 50/2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2002, p. 107), "[...] devem ser resistentes à lavagem e ao uso de desinfetantes [...]". Além disso, esta escolha tem que priorizar "[...] materiais de acabamento que tornem as superfícies monolíticas, com o menor número possível de ranhuras ou frestas, mesmo após o uso e limpeza frequente [...]" (BRASIL, 2002, p. 107).

Para os rodapés, segundo a RDC nº 50/2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2002, p. 107), é importante se atentar à sua união "[...] com a parede de modo que os dois estejam alinhados, evitando-se o tradicional ressalto do rodapé que permite o acúmulo de pó e é de difícil limpeza". Desta forma, para esta junção, conforme a RDC nº 50/2002, atenta-se que:

A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado. Rodapés com arredondamento acentuado, além de serem de difícil execução ou mesmo impróprios para diversos tipos de materiais utilizados para acabamento de pisos, pois não permitem o arredondamento, em nada facilitam o processo de limpeza do local, seja ele feito por enceradeiras, seja por rodos ou vassouras envolvidos por panos (BRASIL, 2002, p. 107).

Por fim, outra característica importante na escolha do revestimento está na baixa emissão de som, uma vez que o barulho, tanto para profissionais, quanto para o enfermo, pode "[...] ocasionar transtornos a essas pessoas e até mesmo influenciar na recuperação de pacientes" (GOES, 2010, p. 17).

2.2 Tipos


Segundo Sayegh (2007), com a grande variedade de tipos de revestimentos para pisos no mercado, é necessário que se tenha uma atenção redobrada na escolha do melhor produto para aplicar no ambiente desejado. Portanto, o profissional responsável deverá avaliar o material quanto às exigências hospitalares, principalmente sanitárias, atentando-se à limpeza e à manutenção.

Neste sentido, segundo Bicalho e Barcellos (2002, p. 63-64), os materiais comumente utilizados e disponíveis possuem as seguintes características:
  1. Industrial de alta resistência - piso monolítico (junção de piso e rodapé contínuo), moldado in loco, à base de pó de pedra, o que permite integridade das juntas ao piso;
  2. Revestimento de resina sintética à base de epóxi - piso monolítico, executado em cima de uma base de concreto no qual se torna resistente e de fácil limpeza;
  3. Vinílico em placas - fácil instalação e limpeza (com pano úmido, sem utilização de muita água);
  4. Vinílico ou linóleo em mantas - fácil instalação e limpeza, íntegro (juntas soldadas), o que o torna monolítico (execução do rodapé contínuo);
  5. Granito - devido à sua porosidade, torna-se um piso muito resistente, principalmente a tráfego intenso, com característica de "esconder" a sujeira;
  6. Cerâmica - índice de absorção de água baixo, possui diversos tipos que vão até a alta resistência a tráfego e impactos. Um bom exemplo é o tipo porcelanato (duro, praticamente impermeável, mas de alto custo). Importante escolher o tipo que possui junta estreita e uso de rejunte à base de epóxi;
  7. Mármore - características parecidas ao granito, com menos resistência e mais absorção. Indica-se utilizá-lo na  forma mais polida para facilitar sua limpeza;
  8. Condutivos - utilizado no intuito de eliminar cargas eletrostáticas em certos ambientes com grande risco de explosão e choque térmico, devido à presença de certas substâncias. Portanto, é importante ter o aterramento dos equipamentos e escoamento do piso para o potencial de terra.

2.3 Manta vinílica


Os pisos vinílicos, segundo Sayegh (2007), "são formados por um composto de policloreto de vinila (PVC) misturado a aditivos específicos que conferem maleabilidade e resistência. Estão disponíveis em placas e mantas". Com isso, ainda segundo a autora, para ambientes hospitalares:

 "as mantas, com larguras entre 0,6 m e 2 m, são ideais para locais onde a limpeza é imprescindível, pois formam um conjunto monolítico, que inclui o rodapé. Por não apresentar emendas, evita o acúmulo de poeira, condição de limpeza necessária a instalações hospitalares e laboratórios" (SAYEGH, 2007, online). 

Apesar da grande aplicabilidade da manta vinílica nos ambientes hospitalares, Sayegh (2007, online) lembra que [...] "grande parte dos pisos disponíveis no mercado são recomendados apenas para uso interno, pois perdem a cor com a exposição ao sol e não resistem a chuvas e água constante, que provocam seu descolamento". Nesse mesmo sentido, o fabricante Tarkett adverte que "[...] o uso excessivo de água na limpeza de pisos com juntas secas pode fazer com que o piso se descole do contrapiso, abrindo espaço para infiltrações"(TARKETT, 2016, p.6). 

A manutenção da manta vinílica é mais uma característica positiva neste tipo de revestimento, pois, segundo Sayegh (2007), pode-se com facilidade "[...] substituir partes danificadas sem afetar o restante do revestimento", o que implica  manutenção simples. Além disso, ainda segundo a autora, a manta vinílica tem grande utilidade para ambientes hospitalares, pois tem capacidade de absorção acústica para a emissão de som de carrinhos com rodas de poliuretano (SAYEGH, 2007).

2.4 Aplicação


2.4.1 Preparo do contrapiso


Para Sayegh (2007, online) "[...] o sucesso do sistema de piso ainda depende de uma boa preparação do contrapiso e correta aplicação do material, com argamassas e rejuntes específicos para cada produto".

Nesse sentido, os tipos de contrapisos permitidos para a aplicação da manta, de acordo com o Manual Geral de Instalação do fabricante TARKETT (2016, p. 8), são: 
  1. Cimento - laje de concreto ou desempenado;
  2. Cerâmico - possui juntas inferiores a 5 mm;
  3. Pedra - granitos polidos e mármores. As peças devem estar aderidas e niveladas com juntas inferiores a 5 mm;
  4. Piso de alta resistência;
  5. Paviflex - permitido se for com apenas outra camada do tipo Paviflex. Estas placas não podem ter avarias, devem estar íntegras, firmes, com adesivo acrílico e sem cera. Se houver algum vestígio desta cera, ela deverá ser removida e a superfície regularizada para iniciar a instalação;
  6. Locais com sistemas de calefação;
  7. Em mezanino.

Em contrapartida, alguns contrapisos não são permitidos, de acordo com o Manual Geral de Instalação do fabricante TARKETT (2016, p. 8-9), dentre eles:

  1. Cimento queimado - o piso deverá ser cortado e uma nova base deverá ser preparada;
  2. Madeira (laminados, tacos, parquets, tábuas etc.) - remoção e preparação de uma nova base;
  3. Pedras e cerâmicas com juntas maiores que 5 mm - remoção e preparação de uma nova base;
  4. Paviflex com adesivo betuminoso, chamado de "cola preta" - remoção completa do piso e da cola. O resquício da cola deverá ser lixado com areia úmida e com o auxílio de uma lixadeira elétrica e disco diamantado. Sem este procedimento, o revestimento instalado por cima poderá descolar;
  5. Outros pisos vinílicos (LVT, mantas) - remoção e preparação de uma base nova;
  6. Pintura acrílica ou epóxi - o piso deverá ser lixado com lixa nº 60 ou lixadeira elétrica para criar porosidade;
  7. Cozinha industrial;
  8. Áreas externas.

2.4.2 Limpeza do contrapiso


De acordo com o Manual Geral de Instalação do fabricante TARKETT (2016), para a aplicação da manta, é necessário retirar toda a poeira do contrapiso para aplicar o adesivo de colagem do revestimento vinílico.
 

2.4.3 Colagem da manta vinílica


A aplicação do adesivo, segundo o fabricante TARKETT (2016), deve ser feita em movimentos circulares com a utilização de uma desempenadeira e, para minimizar os efeitos dos dentes da desempenadeira, um rolo de lã deverá ser usado.

Após a aplicação do adesivo, o fabricante TARKETT (2016, p. 15) sugere que a manta seja colada alisando "[...] o revestimento com uma régua de madeira revestida com carpete [...]" e, em seguida, utilizar "[...] o rolo compressor de 50 kg, a fim de evitar bolhas de ar".

Para emenda de uma manta na outra, o fabricante TARKETT (2016, p.15) recomenda que: "[...] as juntas devem estar bem fechadas, tocando as extremidades umas das outras, sem estarem comprimidas ou demasiadamente abertas"; e seja usada "[...] solda quente em mantas vinílicas em todas as áreas comerciais para evitar que a água utilizada durante a limpeza penetre no contrapiso, parede ou por debaixo da manta". Quanto ao ambiente hospitalar, o fabricante lembra que as "[...] instalações em áreas de saúde sempre devem ter solda quente", além da "[...] solda quente [ser] obrigatória em emendas de mantas e placas condutivas" (TARKETT, 2016, p. 16).

2.4.4 Rodapé


Para os rodapés curvos, de acordo com o Manual Geral de Instalação do fabricante TARKETT (2016, p. 14), recomenda-se "[...] deixar uma sobra da manta nas bordas próximas às paredes e de acordo com o tamanho do rodapé previsto em projeto". Com isso, este manual aconselha a utilização de um suporte curvo, pois"[...] facilita a manutenção do piso e garante excelente higienização" (TARKETT, 2016, p. 18). Ainda de acordo com este fabricante, para a execução da colagem do rodapé, sugere-se que "[...] o adesivo acrílico deve ser aplicado com rolo de lã de pelo baixo e com duplo contato: na parede e no revestimento" (TARKETT, 2016, p. 12).

Para dar acabamento, o fabricante sugere ainda vedar o "[...] piso nas guarnições com silicone, utilizando aplicador profissional para não deixar excessos" (TARKETT, 2016, p. 20).

2.4.5 Cuidados pós-aplicação


Nos cuidados pós-aplicação, o fabricante TARKETT (2016) recomenda a remoção de todo o pó da manta vinílica após sua instalação e a proteção do piso com ajuda do responsável da obra para evitar danos ao produto já instalado.

3 O HOSPITAL


O hospital em estudo destaca-se por ser o maior hospital público do Norte e Nordeste do país, inaugurado nos anos 80, com destaque em procedimentos de grande complexidade. Desta maneira, ele consegue atender a mais de 30 mil pessoas no ambulatório, possui mais de 600 leitos, interna 1,3 mil pacientes por mês, além de efetuar mais de 3.500 partos por ano. Nesse sentido, ele se tornou referência em diversas áreas, tais como serviços de emergência, cirurgia geral, buco-maxilo-facial, pediátrica e neonatal, clínica médica, pediatria, hemorragia digestiva, maternidade de alto risco e, principalmente, neurocirurgia (INTS, 2019). 

Dentre as diversas áreas, o setor da Hemodinâmica do hospital passou por uma reforma de requalificação e ampliação dos serviços, com o objetivo de atender a um maior número de pacientes e se adequar aos meios de trabalho. Desta forma, a Hemodinâmica é um setor que, conforme Linch, Guido e Fantin (2010, p. 489):

[...] especialidades médicas como cardiologia, radiologia, neurologia, entre outros, utilizam-se de Unidades de Hemodinâmica (UHDs) como apoio para a realização de procedimentos diagnósticos ou terapêutico intervencionista. Esses fazem uso de métodos por vezes mais rápidos e precisos, com técnicas que visam a menores riscos aos pacientes (LINCH; GUIDO; FANTIN, 2010, p. 489).

Situada no andar Térreo, do Bloco B do prédio principal, a Hemodinâmica foi reformada com o intuito de humanizar a unidade, adequá-la de acordo com a metodologia apropriada aos processos de trabalho e das normas que a abrangem, além de ampliar seus serviços no hospital. A localização deste setor pode ser observada na Figura 1.

Figura 1: Planta de localização da Hemodinâmica  
Fonte: Autoria própria (2017)


A área recuperada foi de 343 m², cujo espaço já era utilizado para a UHD. A ampliação contempla a implantação de uma nova sala de exames e ambientes de apoio, sala de recuperação de exames, posto de enfermagem, coordenações, sala de reunião, sala de estar de equipe e almoxarifado, como podem ser observados na Figura 2. 

Figura 2: Layout da ampliação e da manta vinílica  
Fonte: Autoria própria (2017)


Dentre todas as modificações feitas, destaca-se a instalação da manta vinílica de alto tráfego em grande parte da Hemodinâmica (em rosa). A manta, que possui características de ser distribuída em rolos de 20 m x 2 m com 2 mm de espessura, antifungos e antibactérias, foi instalada seguindo a planta de paginação com padrões e cores definidas por projeto, discriminada na Figura 2. Vale ressaltar que não houve instalação deste revestimento nas áreas úmidas (copa, sanitários, utilidades e Departamento de Material de Limpeza - DML), uma vez que não resiste bem à água constante. 

4 ESTUDO DE CASO PARA AVALIAR A APLICAÇÃO DA MANTA VINÍLICA EM UM HOSPITAL EM SALVADOR


4.1 Metodologia da pesquisa


O estudo de caso foi realizado, primeiramente, com uma pesquisa da literatura a respeito do tema tratado e, em seguida, foram feitas visitas diárias para observação e análise da aplicação da manta vinílica in loco. Este acompanhamento do serviço foi realizado com o preenchimento de um diário de obra e relatórios fotográficos, com o objetivo de registrar os principais acontecimentos da reforma durante, aproximadamente, quatro meses. 

Apesar de ser um serviço prático e de rápida aplicação, a sua instalação demandou tempo, devido à preocupação com a integridade do revestimento. Esta preocupação inicia-se  com a adequada e minuciosa execução do contrapiso (etapa essencial para aplicação da manta vinílica). Em seguida, foram realizados serviços de alvenaria, revestimentos, instalações, acabamentos e, só após quatro meses de intervenção, a instalação da manta vinílica foi concretizada. 

Todo este processo está relacionado com a preocupação de evitar qualquer dano à manta vinílica com atividade subsequente (movimentação de pessoas, materiais e objetos). Desta forma, só após a execução dos serviços de fechamento e abertura de paredes, massa única, pintura, instalações elétricas e assentamento cerâmico, a manta vinílica pode ser instalada. 

4.2 Análise da aplicação da manta vinílica


4.2.1 Contrapiso


Como parte fundamental para o bom desempenho da manta vinílica, a execução do contrapiso foi feita com cautela e com o objetivo de regularizar as áreas que foram danificadas com a retirada total do antigo revestimento vinílico, o Paviflex (produto produzido a partir da base de óleo de soja) com adesivo betuminoso. A remoção do Paviflex foi imprescindível, pois a manta vinílica instalada por cima dessa superfície poderia descolar futuramente, como alerta o fabricante.

4.2.2 Limpeza do contrapiso


A limpeza completa da poeira remanescente do contrapiso foi feita para que o adesivo de colagem tivesse maior adesão à manta e ao contrapiso, como recomendado pelo fabricante. Este serviço pode ser observado na Figura 3.

Figura 3: Retirada de sujidade do contrapiso para aplicação da manta vinílica
Fonte: Autoria própria (2017)


Após a limpeza do contrapiso, foi possível observar que resquícios da cola preta do antigo revestimento, o Paviflex, ainda estava muito presente no contrapiso, como se pode observar na Figura 3. Portanto, foi necessário retirá-la com uma alisadora de concreto do tipo helicóptero para lixar a cola com areia úmida, removendo-a completamente. 

4.2.3 Colagem da manta vinílica


O adesivo de colagem foi aplicado e espalhado na manta e no contrapiso. Em movimentos circulares e com auxílio da desempenadeira dentada, a cola foi espalhada e, posteriormente, foi utilizado o rolo de lã para minimizar as marcas dos dentes da desempenadeira, como sugerido pelo fabricante. Após a aplicação do adesivo, a manta foi posicionada, distribuída e pressionada contra o contrapiso para fixá-la em toda a área. Sua distribuição seguiu as especificações contidas na planta de detalhamento, nas cores e nos padrões definidos. Em regiões de junção entre mantas, foram executadas a fresagem nas emendas e a soldagem com solda quente para emendá-las e torná-las uniformes, como se pode observar na Figura 4.

Figura 4: Instalação da manta vinílica 
Fonte: Autoria própria 2017


4.2.4 Rodapé


O rodapé foi executado de maneira curva. Para isto, uma sobra da manta foi deixada perto das paredes, assim como sugerido pelo fabricante. Com isso, o adesivo de duplo contato foi espalhado no rodapé e na região da parede a ser instalado. Para ajudar, um suporte curvo foi utilizado para facilitar a execução da curvatura do rodapé. Em seguida, uma cola de silicone foi aplicada acima do rodapé para vedar completamente a manta vinílica e torná-la totalmente uniforme, dando o acabamento ao revestimento. Detalhe na Figura 5.

Figura 5: Detalhamento do rodapé e da cola de silicone  
Fonte: Autoria própria 2017


4.2.5 Cuidados pós-aplicação


Após a instalação, a manta vinílica foi limpa, retirando todo o pó gerado pela aplicação. No entanto, ela não foi protegida das atividades que foram realizadas no local após a instalação. 

4.3 Resultado


Avaliando-se os resultados da aplicação da manta vinílica, constata-se que este revestimento de piso conseguiu atender às exigências físicas e higiênicas do hospital para o setor da Hemodinâmica, em decorrência de uma boa instalação do revestimento.

Quanto às exigências físicas, a manta vinílica trouxe segurança, conforto higrotérmico, luminoso e visual devido à disposição do revestimento, ao design de cores e aos padrões confortáveis. Além disso, a manta proporciona uma grande capacidade acústica, com redução do ruído de macas, cadeiras e pessoas que se deslocam para dentro e para fora da unidade. 

Quanto às exigências higiênicas, o piso se tornou uniforme e monolítico (reduzindo a possiblidade de infiltração de água) a partir de boas execuções de emendas entre as mantas e dos rodapés curvos, além do próprio contrapiso. Além disso, o tipo de rodapé adotado proporciona uma limpeza completa do acúmulo de sujeira nos cantos e encontros de paredes, facilitando a limpeza do local; condição necessária às instalações hospitalares e aos laboratórios, reduzindo o risco de infecções.

Os cuidados pós-instalação não foram totalmente tomados, em contrapartida à boa aplicação da manta vinílica na Hemodinâmica. Apesar de o piso ter sido limpo das impurezas causadas pela sua aplicação, nenhuma proteção foi feita. Atividades de acabamento à Hemodinâmica, como aplicação de plotagens nos vidros e paredes, serviços de instalação de bancadas e mobiliários, além da movimentação de pessoas, foram executadas sem a devida proteção da manta vinílica, como por exemplo, com lonas plásticas. 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS


O piso vinílico tornou-se um revestimento muito utilizado em ambientes hospitalares devido à praticidade de instalação; à variedade de tamanhos, cores e modelos; à facilidade de limpeza; e à manutenção simples.

Face às vantagens da utilização da manta vinílica na reforma da Hemodinâmica do Hospital Público de Salvador, destaca-se a sensibilidade do projetista em utilizar este revestimento, correspondendo às exigências físicas e imunológicas para o local, principalmente, por atender aos requisitos da RDC nº 50/2002. Fisicamente, o revestimento trouxe conforto acústico e luminoso aos pacientes e funcionários. Quanto à higiene, o revestimento se tornou uniforme e monolítico, protegendo o espaço de infecções e facilitando a sua limpeza, respectivamente.  

Neste sentido, alterações e reformas em ambientes hospitalares, em particular no revestimento de piso, devem partir, primeiramente, da capacidade técnica do profissional e de seus conhecimentos quanto às necessidades de um hospital em atendimento às exigências físicas, logísticas e, principalmente, higiênicas, por meio da RDC nº 50/2002 da ANVISA, para não prejudicar todo o sistema de combate à 
infecção hospitalar. 

O bom resultado da aplicação foi possível devido à boa execução do contrapiso. Sendo este a base de todo o processo, além de ter sido bem regularizado e nivelado, as recomendações do fabricante acerca da retirada de resquícios de cola de antigos revestimentos, neste caso o Paviflex, foram atendidas. Desta forma, foi possível garantir a integridade e a durabilidade da manta, evitando descolamentos futuros.  

Com relação aos cuidados pós-instalação, a proteção da manta vinílica, logo após a sua aplicação, é indispensável, uma vez que qualquer dano pode prejudicar toda a sua integridade e investimento, causando retrabalhos no local. 

Por fim, a limpeza dos ambientes hospitalares é imprescindível para evitar contaminações e infecções. No entanto, é relevante salientar que a manta vinílica não é resistente à água. Desta forma, é importante tomar cuidados ao limpar o revestimento. 

REFERÊNCIAS


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SAYEGH, Simone. Revestimento certo: propriedades mecânicas, instalação e manutenção - conheça esse e outros critérios para especificação de pisos. Revista Téchne: a revista do engenheiro civil, São Paulo, Pini, n. 126, set. 2007. Disponível em <http http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/126/artigo287471-1.aspx >. Acesso em 2 abr., 2018.

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