IPH - Instituto de Pesquisas Hospitalares

Publicações Revista IPH Revista IPH Nº19 Editorial Revista IPH Nº19

Editorial Revista IPH Nº19 Prof. Arq. Marcio Nascimento de Oliveira
Com a publicação de mais uma edição da Revista IPH, encerramos um ano muito importante para a comunidade técnico-científica que se interessa pela pesquisa aplicada aos ambientes e à infraestrutura da saúde.

Observamos em 2022 uma gradual retomada, tanto no que se refere às parcerias e colaborações institucionais, quanto na realização das pesquisas de campo, que se encontravam prejudicadas ou mesmo impossibilitadas devido à pandemia de Covid-19 e aos outros desafios relacionados à produção de conhecimento científico no país. 

Este foi também um ano de muitos debates e reflexões acerca da arquitetura e da engenharia da saúde, tendo sido observado um crescente interesse tanto pela produção quanto pela divulgação de pesquisas em diversos formatos e sobre variados assuntos.

Esta edição da Revista IPH inclui um artigo que versa sobre um tema bastante atual e que vem despertando interesse científico e profissional, que é a apropriação, por parte dos arquitetos e projetistas da saúde,

de conceitos da Neurociência, o ramo da biologia que estuda o sistema nervoso. Em seu artigo, a arquiteta e pesquisadora Patrícia Paiva, mostra como a Neurociência aplicada à arquitetura pode contribuir para a saúde e bem-estar dos usuários dos espaços de saúde, incluindo pacientes, acompanhantes e trabalhadores. 

Conforme as palavras da autora ?o estímulo dos sentidos, via de acesso ao nosso sistema nervoso, através da visão, olfato, audição, paladar e tato? pode criar um impacto positivo ou negativo na qualidade de vida das pessoas. A partir desta constatação, a autora propõe uma série de reflexões sobre como o ambiente construído, e exemplifica a aplicação de estratégias ambientais que estimulam os sentidos como o design biofílico, a iluminação natural e o conforto acústico.

Em um artigo de opinião, o arquiteto e professor Luciano Monza traz uma reflexão acerca dos paradigmas envolvidos desde a concepção à operação dos edifícios de saúde.

Segundo Monza, que atua com projetos de saúde na Argentina, as transformações ocorridas nos modelos do processo saúde/doença/atenção/cuidado, no desenvolvimento tecnológico e na alteração do perfil epidemiológico, dentre outras, ocasionou o aparecimento e desenvolvimento de novas tipologias construtivas, onde se abandonou o conceito tradicional de arquitetura hospitalar para o de arquitetura (de edifícios) para (cuidados) da saúde. 

Monza destaca que o hospital geral deixou de ser o edifício paradigmático da saúde, como o foi historicamente até à segunda metade ou finais do século XX, e que este continua ocupando um lugar importante, mas já não exclusivo, enquanto objeto de estudo. Segundo o autor, outras tipologias construtivas têm aparecido e, muito provavelmente, irão crescer ainda mais em quantidade e variedade no futuro.

Em outro artigo, as pesquisadoras Regiane Lamim e Isabel Céspedes apresentam um panorama histórico sobre as edificações de saúde na cidade de São Paulo, buscando traçar um paralelo entre a evolução das ciências médicas e a arquitetura.

Segundo as autoras, o desenvolvimento das ciências médicas ocasionou a adoção da tipologia ?pavilhonar? nas edificações hospitalares no século XIX, passando ao partido do ?monobloco? no século XX, quando o hospital passou a ser considerado uma ?máquina de cura?, argumentando ainda que conhecer esta evolução histórica é fundamental para se prever os parâmetros para o futuro dos hospitais.

Por fim, o professor e pesquisador Erick Vicente apresenta um texto sobre a experiência do Arquiteto Jarbas Karman, fundador do IPH, durante sua passagem pelo Serviço Especial de Saúde Pública - SESP, destacando a importância desta experiência como servidor público para a trajetória de Karman e de outros arquitetos que atuaram naquele órgão e que posteriormente deram importantes contribuições para o desenvolvimento da arquitetura hospitalar. 

O autor exemplifica a produção deste período com uma breve análise de dois projetos desenvolvidos por Karman para o SESP no estado do Pará.

A Revista IPH permanece à disposição da comunidade de profissionais, pesquisadores e demais interessados nos temas relacionados aos espaços de saúde, buscando reconhecer o valor da diversidade de temas e abordagens e abrindo oportunidade para todos os interessados em compartilhar seus estudos, aprendizados e experiências, deixando novamente o convite para que colaborarem enviando suas contribuições para as próximas edições.

Boa leitura!

Prof. Arq. Marcio Nascimento de Oliveira
Editor da Revista IPH
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