IPH - Instituto de Pesquisas Hospitalares

Publicações Revista IPH Revista IPH Nº20 Arquitetura Hospitalar Sensível à Demência

Arquitetura Hospitalar Sensível à Demência Ciro Férrer Herbster Albuquerque

Resumo


Tendo em vista que os quadros demenciais afetam mais de 1,2 milhão de idosos no Brasil, neste artigo, são discutidas as contribuições do design arquitetônico sensível à demência na saúde e na qualificação da experiência do idoso em ambientes hospitalares. A partir de uma revisão bibliográfica, foi realizada uma seleção de estudos que destacam os conceitos mais relevantes e que tenham contribuído para o aprofundamento da compreensão do design sensível à demência, apresentando alguns exemplos de projetos que incorporem esses conceitos e as teorias que os embasam. Este documento faz parte de uma pesquisa mais abrangente cujo objetivo é identificar as implicações, os benefícios e as possibilidades terapêuticas do uso da neurociência aplicada à arquitetura em centros de saúde, a fim de estabelecer conceitos de projetos a serem aplicados em um estudo de caso de residências para idosos. Os resultados mostraram que variáveis ambientais como a luz, a geometria, o leiaute e o acesso à natureza tendem a afetar qualitativamente a experiência desses pacientes, além de reduzir a carga de trabalho dos cuidadores.


Palavras-chave: ambientes hospitalares, arquitetura hospitalar, saúde, neurociência aplicada, demência. 



Introdução


O aumento na expectativa de vida mundial elevou o número de idosos com demência, condição que atinge uma pessoa a cada sete segundos. Entre 2000 e 2019, a causa de morte por demência aumentou em 181%, sendo mais evidente em países subdesenvolvidos e tendo a doença de Alzheimer (DA) como 60% dos casos. No Brasil, estima-se que, em 2050, os casos de demência sofrerão um crescimento de até 240%, gerando diversas problemáticas sociais, familiares e de saúde pública, já que os sintomas demenciais comprometem gradativamente a autonomia cognitiva do indivíduo (Alzheimer?s Association, 2020; GBD Dementia Forecasting Collaborators, 2022; IBGE, 2019). Além disso, o encaminhamento para unidades hospitalares tem se mostrado um período desafiador para pacientes com comprometimento cerebral, tornando difícil a adaptação a um ambiente desconhecido e a pessoas desconhecidas, como a equipe de saúde (Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, 2019). Estima-se que o custo da hospitalização de pessoas com demência seja quase três vezes maior em comparação a pacientes sem demência (Gutierrez et al., 2014). Idosos com demência possuem quase o dobro de internações hospitalares anuais em relação a idosos sem demência (Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, 2019). A deterioração da orientação espacial é um sintoma que se manifesta já nos estágios iniciais e que passa a progredir a depender dos ambientes vividos pelos pacientes (Gazova et al., 2012).


Na cidade de São Paulo, por exemplo, uma significativa parcela da população é composta por idosos, totalizando cerca de 1,9 milhão de indivíduos, o que equivale a 15% do total. Essa população possui necessidades específicas relacionadas a mobilidade, acessibilidade, lazer e saúde (Santos, 2022). Para idosos em situação de saúde fragilizada e com necessidades particulares, a considerar os sintomas demenciais, São Paulo conta com as Unidades de Referência à Saúde do Idoso (Ursis). O encaminhamento para as Ursis ocorre após a realização da Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa (AMPI-AB) pelas equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). A AMPI-AB proporciona uma avaliação precisa do processo de envelhecimento do idoso, seu nível de fragilidade e suas demandas específicas. No total, aproximadamente seis mil idosos recebem atendimento mensal nas Ursis. O objetivo principal é garantir que os idosos possam envelhecer com autonomia e desfrutar de uma boa qualidade de vida nessa fase da vida (Andrade et al., 2020). No entanto, o aumento exponencial de idosos e a ambientação desses espaços de saúde comprometem a qualidade do serviço, repercutindo em maior tempo de tratamento e gastos medicinais (GBD 2019 Dementia Forecasting Collaborators, 2022).


Nesse contexto, a pesquisa em arquitetura hospitalar desempenha um papel fundamental na sistematização de conhecimentos que possam ser aplicáveis nacionalmente. Tendo em vista a escassez de bibliografia nacional sobre arquitetura hospitalar aplicada ao idoso com demência (Wiener; Pazzaglia, 2021), a busca por soluções de design arquitetônico adequadas à crescente demanda desse público apresenta-se como essencial para proporcionar um ambiente terapêutico, seguro e acolhedor para esses pacientes.


Objetivo e metodologia


Este estudo teve como objetivo explorar e discutir as implicações dessa problemática, destacando a importância da pesquisa interdisciplinar entre arquitetos, profissionais de saúde e especialistas em gerontologia para o desenvolvimento de diretrizes de design arquitetônico voltadas para unidades hospitalares destinadas ao cuidado de idosos com demência e outras fragilidades. Compreender as necessidades específicas desses pacientes e entender como o ambiente físico pode influenciar sua saúde e bem-estar é fundamental para o desenvolvimento de espaços que promovam a recuperação, o conforto e a dignidade. Para a consecução do presente estudo, foi realizada uma revisão bibliográfica acerca do conteúdo até então existente sobre os temas envelhecimento, arquitetura, espaços de saúde e quadros demenciais. Como resultado, foram analisadas mais a fundo as obras de Barrett, Sharma e Zeisel (2018), Lawton M. Powell (1997), Mariana G. Figueiró (2008) e Gesine Marquardt (2014), dentre outros autores relevantes no contexto da influência espacial em quadros de demência. O estudo ressalta a importância da interdisciplinaridade que permeia o conhecimento da neurociência e do envelhecimento aplicados à arquitetura hospitalar, visando fomentar um conjunto de recomendações aplicáveis aos ambientes de saúde adequado ao público com demência.


Envelhecimento típico e quadros demenciais


Tanto o envelhecimento típico quanto a demência resultam em declínios significativos das habilidades de orientação espacial e de navegação1 (Lester et al., 2017). A orientação espacial e as habilidades de navegação começam a deteriorar-se relativamente cedo no processo de envelhecimento, mesmo quando não há deficiências aparentes em outras habilidades cognitivas (Harris; Wolbers, 2012). Essa perda gradual de habilidades de navegação é ainda mais evidente em indivíduos com comprometimento cognitivo leve (CCL) ou DA (Fasano et al., 2018), em que a desorientação é tipicamente um dos primeiros sintomas (Serino et al., 2015), especialmente em ambientes desconhecidos. Pesquisas sobre o envelhecimento típico demonstraram que adultos mais velhos apresentam desempenho de caminhabilidade semelhante ao de adultos jovens em tarefas espaciais em ambientes familiares (Lopez et al., 2018). No entanto, o declínio das habilidades de orientação e navegação torna difícil para os idosos caminhar e aprender em novos ambientes desconhecidos. Isso é problemático, uma vez que uma proporção considerável de idosos com e sem demência eventualmente se muda de seus ambientes familiares para locais desconhecidos, como hospitais, clínicas e casas de cuidado assistido (Mufato et al., 2020). Em 2018, O ELSI-Brasil apontou que 75,3% dos idosos brasileiros dependem exclusivamente dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde, sendo que 83,1% realizaram pelo menos uma consulta médica nos últimos 12 meses. Nesse período, foi identificado ainda que 10,2% dos idosos foram hospitalizados uma ou mais vezes (Fiocruz et al., 2018).


Geralmente, projeto de complexos de serviços de saúde não levam em consideração as alterações das habilidades de caminhabilidade dos idosos. Caso detivessem esse fator biológico durante a concepção do projeto, a transição de idosos com DA para estabelecimentos desse porte poderia se tornar mais simples (O?Malley et al., 2016). Para possibilitar que os leiautes de ambientes maiores, como casas de cuidados, residências de aposentados ou mesmo hospitais, sejam compreendidos com relativa facilidade, esses ambientes precisam ser projetados de forma a facilitar a orientação espacial e compensar a diminuição das habilidades de navegação. Isso permite aos residentes adaptarem-se mais facilmente à nova acomodação e melhoraria a sua qualidade de vida e seu bemestar. Além de permitir a manutenção do maior grau de independência e redução da carga de trabalho dos cuidadores (Marquardt; Schmieg, 2009). Conforme O?Malley et al. (2017), existem várias diretrizes de design arquitetônico e ferramentas de manejo que abordam a ?sensibilidade à demência? de um ambiente: a Ferramenta de Auditoria de Demência (DAT), desenvolvida no Centro de Desenvolvimento de Serviços de Demência; o conjunto de ferramentas de design EVOLVE; a ferramenta de avaliação ?Aprimorando o Ambiente de Cura? (EHE), por The King?s Fund; a Ferramenta de Auditoria Ambiental (EAT); e o documento de orientação da NHS Scotland sobre orientação, o único dedicado exclusivamente à orientação em instalações de saúde, mas não especificamente focado em ambientes hospitalares sensíveis à demência (Estate, 2005).


Apesar de essas diretrizes fornecerem conselhos sobre como melhorar o design de ambientes de cuidados para apoiar pessoas com DA e outros tipos de demência, poucas sugestões de design se concentram especificamente em aliviar a desorientação e ajudar a navegação; aquelas que o fazem, muitas vezes, não são bem-fundamentadas por teorias neurocientíficas de caminhabilidade (O?Malley et al., 2016). Neste artigo, a partir da revisão bibliográfica de literatura pertinente ao tema, argumentase que as teorias neurocientíficas de orientação e navegação, respaldadas por evidências experimentais e aplicações de projeto, podem e devem desempenhar um papel importante na melhoria do design de ambientes de cuidados à saúde do idoso. Os conceitos de envelhecimento e navegação espacial, a neurociência aplicada à arquitetura e a influência das variáveis ambientais aos usuários se destacam entre os mais utilizados na área de design arquitetônico de espaços destinados à prestação de serviços de saúde para idosos.


Envelhecimento e navegação espacial (wayfinding)


O wayfinding envolve movimento coordenado e orientado para um objetivo a ser realizado no ambiente (Montello et al., 2005), sendo definido como o processo de determinar e navegar em uma rota, de uma origem a um destino (Golledge et al., 1987). O wayfinding é considerado também uma habilidade complexa e multissensorial suscetível a amplas diferenças individuais (Van Buuren; Mohammadi, 2021) a qual é afetada por emoções e motivações pessoais ou coletivas. Por exemplo, a ansiedade espacial tem um efeito prejudicial sobre o desempenho de wayfinding, especialmente em tarefas de navegação complexas (Marquardt, 2011). Já o senso de autoeficácia espacial e o prazer em explorar ambientes desconhecidos se correlacionam positivamente com o desempenho de wayfinding (Pazzaglia; Meneghetti, 2017).


Boas habilidades de wayfinding (derivadas da interação entre fatores individuais e ambientais) são uma fonte importante de qualidade de vida e autonomia. As emoções se tornam ainda mais relevantes no envelhecimento atípico quando pessoas com demência interagem com ambientes não familiares. Vários estudos demonstraram que o papel do ambiente é de extrema importância na redução do estresse e na promoção da qualidade de vida. Em uma revisão sobre o impacto do design de ambientes construídos em pessoas com demência, Marquardt et al. (2014) descobriu que ambientes em pequena escala, um aspecto ambiental estritamente relacionado à navegação espacial (Marquardt; Schmieg, 2009), estão associados à redução do comportamento disfuncional e à melhoria do bem-estar, incluindo sintomas depressivos reduzidos e melhoria do humor e da qualidade de vida. Tratando-se da cognição, a navegação espacial depende de vários processos sensoriais e cognitivos, bem como de representações espaciais duradouras e transitórias (Wolbers; Hegarty, 2010). Estímulos visuais e auditivos captam as informações do meio construído, permitindo a compreensão espacial por parte do usuário. Estímulos visuais somados aos receptores vestibulares e proprioceptores fornecem informações sobre como as pessoas se movem pelo espaço. Todas essas entradas são processadas e integradas para permitir que o indivíduo se localize quanto sua posição, se oriente e consiga planejar rotas para o destino pretendido.


A capacidade de planejar uma rota, mover-se em direção a um destino e alcançá-lo deriva da interação entre habilidades individuais, sensoriais e fatores ambientais (Pazzaglia; Meneghetti, 2017). Nesse contexto, certos modelos interativos de navegação e wayfinding foram propostos. A seguir, foram revisados modelos interativos de navegação e estudos de navegação. Embora o objetivo deste artigo seja o de fornecer sugestões de design arquitetônico para os interiores dos ambientes de saúde e os ambientes de cuidados, observa-se que as pessoas empregam os mesmos mecanismos de caminhabilidade tanto em ambientes internos quanto externos. Portanto, citamos pesquisas que se utilizaram de ambos os tipos de ambientes. Carpman e Grant (2002) analisaram o comportamento de wayfinding em ambientes internos em termos de sistemas nos quais combinações de fatores comportamentais (variáveis cognitivas e diferenças individuais), design de edifícios e elementos operacionais (por exemplo, sinalização interna, mapas de localização) interagem para criar um ambiente em que pode ser fácil caminhar. Já Carlson et al. (2010) sugeriu considerar a complexidade do wayfinding interno em termos de variáveis ambientais (características de um edifício), representações espaciais das pessoas ou mapas cognitivos (uma espécie de imagem mental do ambiente) e fatores pessoais (habilidades e estratégias espaciais individuais). Conforme Tolman (1948), a forma como esses elementos interagem pode ser analisada em termos de: correspondência (entre um edifício e um mapa cognitivo); compatibilidade (entre um edifício e as estratégias individuais); e completude (entre um mapa cognitivo e habilidades e estratégias espaciais individuais). A análise conjunta desses componentes pode gerar desdobramentos promissores acerca de problemas de navegação apresentados por um determinado edifício.


Abordagem interativa semelhante é adotada por modelos ecológicos de gerontologia que explicam a relação entre características individuais e ambientes em termos de ajuste usuário-ambiente (Kahana, 1982), em que a capacidade das pessoas de expressar seu pleno potencial depende de sua compatibilidade com seu ambiente. A capacidade de lidar com o ambiente pode diminuir à medida que as pessoas se tornam mais vulneráveis devido ao envelhecimento (SchröderButterfill; Mariani, 2006). Essas vulnerabilidades resultam em pessoas se tornando cada vez mais dependentes de seu ambiente, conforme previsto pela Hipótese da Docilidade Ambiental (Fornara et al., 2019; Lawton, 1977; Lawton e Simon, 1968). Isso também explica por que as diferenças individuais no comportamento da mobilidade espacial de cada usuário devem ser analisadas, levando em consideração as variáveis ambientais que facilitam ou inibem a navegação (Devlin, 2014). Tal perspectiva pode ser observada no design arquitetônico proposto pelo projeto habitacional voltado para a saúde do idoso com demência, Hogeweyk Dementia Village, na Holanda, cujos quartos dos pacientes com demência são personalizados conforme a cultura, o histórico de vida e as atividades de lazer (Figura 1). Conforme a Hipótese da Docilidade Ambiental, ambientes reconhecíveis contribuem para a resiliência emocional e a qualidade de vida (Lawton, 1977). 



Por tais razões, foram analisados os aspectos cognitivos contemplados pela neurociência aplicada à arquitetura, tendo em vista analisar as variáveis ambientais que afetam qualitativamente a navegação de idosos saudáveis e com demência no ambiente construído. Evidências desses fatores individuais e ambientais serão utilizados para fundamentar as diretrizes de design listadas na última seção do artigo.


Neurociência aplicada à arquitetura


Quando aplicada ao projeto de design arquitetônico, a neurociência passa a ter o objetivo de melhorar os espaços construídos para gerar efeitos positivos na saúde física e mental dos seres humanos (Fajardo, 2018). Esse método de união entre pesquisa e projeto é crucial, visto que as pessoas idosas passam mais de 87% do seu tempo em ambiente hospitalar fechado, e, possivelmente, esses espaços não são adequados para elas (Bruchert; Baumgart; Bolte, 2021). A neurociência apresenta-se como o campo científico dedicado ao estudo do funcionamento e da compreensão do sistema nervoso, composto por cérebro, medula espinhal e nervos periféricos. Nesse sentido, a neurociência aplicada ao meio construído passa a trazer estratégias de design para estimular o acolhimento (Solís; Herrera, 2017), o bem-estar (Paiva; Jedon, 2019), recuperações mais rápidas e efeitos terapêuticos (Shaaban et al., 2023). Alguns exemplos dessas estratégias incluem o uso de materiais naturais, iluminação natural, cores, formas arquitetônicas, texturas, materiais naturais e a disposição de móveis e objetos.


De acordo com Browning, Ryan e Clancy (2014), construções que possuem conexões multissensoriais com o mundo exterior podem proporcionar benefícios terapêuticos, pois os ocupantes expressam consistentemente uma preferência por envolvimento visual e não visual com a natureza e a paisagem. Além disso, Kellert (2008) argumenta que a presença da água é esteticamente atraente e tem a capacidade de estimular uma ampla gama de sentidos, incluindo audição, movimento, tato, paladar e olfato. O envolvimento multissensorial e atemporal faz dela uma escolha ideal para a incorporação em espaços ao ar livre cujo propósito seja mitigar a ansiedade e o estresse por parte dos pacientes em tratamento ou até mesmo servir como um marco visual para a orientação do espaço. Esses são apenas alguns exemplos de estratégias de design que a neurociência aplicada à arquitetura utiliza para alcançar seus objetivos. Nesse aspecto, o ambiente construído é inicialmente percebido por meio das emoções, um sistema instintivo e eficiente, sensível a repercussões emocionais tanto negativas quanto positivas2. Paiva e Jedon (2019) afirmam que indivíduos em um ambiente quente, por exemplo, podem suar, sentir-se desconfortáveis e ser incapazes de se concentrarOutro exemplo são os sentimentos de medo, ansiedade e alerta que podem ser gerados em ambientes escuros e desconhecidos. 


Tal interação entre o ambiente e o indivíduo pode ocorrer sem que os usuários percebam, tendo em vista que algumas sensações são captadas inconscientemente pelo cérebro, conforme os estudos de Eberhard (2009). Paiva (2018) e Khaleghimoghaddam et al. (2022) argumentam que tais interações podem resultar em alterações no estado fisiológico, como mudanças nos níveis de hormônios, frequência cardíaca, condutância da pele, pressão sanguínea, temperatura corporal e tensão muscular. Também podem modificar o estado emocional, o comportamento, a tomada de decisão e a saúde mental. Villarouco et al. (2021) corrobora ao destacar que:


[...] o ambiente fornece constantemente estímulos ? de maior ou menor intensidade ? que são captados pelo corpo como sensações para a mente processar, gerando percepções e consciência, que podem desencadear uma resposta comportamental (Villarouco et al., 2021, p. 20).


Em outras palavras, as características do ambiente causam reações fisiológicas que podem aumentar ou reduzir a capacidade mental de realizar uma tarefa específica. Portanto, é necessário criar espaços que possam estimular os seres humanos a melhorarem seu desempenho, de forma a manter o bem-estar e a saúde dos usuários. Com a neurociência aplicada ao projeto de design arquitetônico, é possível projetar ambientes para idosos com demência que sejam capazes de compensar certas fragilidades cognitivas, como a perda do equilíbrio durante uma caminhada, possibilitando autonomia e melhoria na experiência desses pacientes em ambientes hospitalares. Saúde mental, segurança ao caminhar pelos corredores, bem-estar e níveis de estresse menores em ambientes hospitalares podem ser alcançados a depender das estratégias de design arquitetônico aplicadas às variáveis do ambiente hospitalar. A seguir, serão apresentadas as variáveis ambientais evidenciadas pela neurociência que podem qualificar a experiência de pacientes idosos com demência nos ambientes de saúde.


Influência das variáveis ambientais sobre os usuários no espaço construído


Como citado, à medida que o ser humano envelhece, especialmente com o advento de quadros neurodegenerativos, a capacidade de percorrer livremente pelo espaço tende a diminuir, tornando desafiadora a exploração de ambientes desconhecidos sem o apoio de um cuidador (Wolbers; Hegarty, 2010). Ademais, quando o idoso precisa ir ao ambiente de saúde, seja hospitalar, seja a residência assistida, sejam clínicas de reabilitação, é essencial promover melhorias espaciais no design arquitetônico que compensem as habilidades de orientação em declínio desse paciente (Wiener; Pazzaglia, 2021). 


Ressalta-se que os ambientes de cuidados diferem muito em tamanho, arquitetura, recursos disponíveis e liberdade para implementar alterações. Portanto, objetiva-se fornecer princípios de design arquitetônico genéricos baseados em evidências científicas, em vez de soluções específicas. Esses princípios de design podem, então, ser traduzidos em soluções personalizadas para ambientes específicos, a depender de como serão utilizados pelos projetistas dos ambientes hospitalares. Tendo em vista a navegação espacial, serão apresentados o leiaute, a luz, a geometria e o acesso à natureza como principais influências ambientais que podem qualificar a experiência de idosos, cuidadores e colaboradores nos ambientes de saúde. 


Leiaute Ao desenvolver ambientes para pessoas com habilidades de navegação em declínio, o design deve considerar leiautes de corredores simples, excelente acesso visual, pouca uniformidade, um sistema de sinalização claro e a presença de marcos visuais. Os leiautes mais eficazes para a receptividade de idosos são acomodações em pequenos espaços, onde tudo o que um residente precisa fique sempre à vista, de forma confortável, permitindo que eles caminhem entre seus próprios quartos e as áreas comuns com facilidade. Acomodações de menor área com bom acesso visual reduzem a desorientação espacial porque esse leiaute facilita o processamento da memória espacial e a recordação, bem como as decisões de caminhos redundantes, com início e fim bem delimitados e de fácil compreensão. Nesse sentido, a disposição do espaço desempenha um papel central.


Leiautes simplificados e diretos, conforme apontado por Marquardt (2011), têm o potencial de proporcionar uma compreensão mais intuitiva do ambiente, o que é crucial para pacientes com declínios cognitivos. Esses leiautes evitam confusão e ansiedade, permitindo que os pacientes se movam com mais facilidade (Lithfous; Dufour; Després, 2013). Além disso, a visibilidade e a identificação das áreas são cruciais para uma caminhabilidade bem-sucedida. Estudos de Garling, Book e Lindberg (1986) ressaltam a importância de um acesso visual claro e amplo, permitindo que os residentes identifiquem rapidamente diferentes partes do ambiente. A presença de elementos visuais distintos e pontos de referência ajuda a construir uma rede mental de orientação espacial, conforme proposto por Ishikawa e Nakamura (2012).


O estudo de Van Buuren e Mohammadi (2021) analisou 14 plantas baixas de espaços de cuidado para idosos com demência. Tais plantas foram avaliadas por 14 critérios de projeto dedicados ao apoio das habilidades de orientação para o grupo-alvo. A partir de análises qualitativas e quantitativas do estudo, constatou-se melhores desempenhos de caminhabilidade espacial em 3 das 14 plantas. Leiautes de corredores semelhantes foram encontrados no estudo de Marquardt, ainda em 2011 (Figura 2). Ademais, sugere-se, em ambos os estudos, atenção especial à configuração das plantas baixas, a forma e a luz natural do corredor (Van Buuren; Mohammadi, 2021; Marquardt, 2011). 



Embora intervenções, como sinalização, mobília, iluminação e cores, possam qualificar o desempenho na orientação de idosos com demência, elas não conseguem compensar o design arquitetônico inadequado presente no leiaute (Marquardt; Schmieg, 2009). Assim, com base nos resultados dos estudos discutidos, pode-se formular a hipótese de que os projetos cujos leiautes são concebidos com os que foram apresentados desempenham um papel significativo no apoio à orientação espacial e à navegação de pessoas com demência.


Iluminação em ambientes de saúde


O contato com a iluminação natural é de evidente importância para a saúde humana. Estudos apontam que esse recurso afeta o ciclo circadiano, a performance, a energia, a qualidade do sono, os níveis de vitamina D e de serotonina no organismo, além da saúde ocular (Kellert; Calabrese, 2015). Os estudos de Eberhard (2009) observaram que a iluminação natural, quando aplicada ao ambiente construído, foi capaz de afetar a retenção da memória dos usuários presentes no ambiente. Os resultados dos testes de memorização feitos entre o grupo com iluminação natural e apenas o grupo com iluminação artificial demonstraram tal teoria. Pesquisas mostram que, em salas de aula com grandes aberturas para luz natural, foram encontrados níveis mais altos de atenção e melhor aprendizado (Kaplan, 1995). Além disso, estudos como o de Boubekri et al. (2014, p.14) demonstram que ?[...] pessoas que trabalham em ambiente ensolarado dormem melhor e riem mais do que aquelas que passam o dia em escritórios mal iluminados?, além de contribuir para melhorias na qualidade do sono e na redução de problemas físicos e mentais.


No que se refere aos pacientes idosos, após os 60 anos, diversas modificações estruturais no globo ocular passam a ser mais expressivas do que na fase adulta. O olhar envelhecido passa a ter maior sensibilidade, menor acuidade visual, menor abertura da pupila e captação de luz do meio externo (Chang; Guarente, 2013). O amarelecimento do cristalino promove menor captação da luz de comprimento azul presente no sol e nos ambientes internos durante o dia (Sahar; Farajnia et al., 2012). Essa mudança, quando somada à pouca captação de luz durante o dia por parte do idoso, ocasiona transtornos metabólicos, entre eles: pior eficiência do sono; aumento do despertar noturno e da latência do sono; e maiores níveis de sonolência diurna por não captarem de forma efetiva os estímulos de luz diários (Feinslier et al., 2017). Ao serem levados para casas de repouso, idosos saudáveis e com quadros demenciais passam a ser, na maioria dos casos, expostos a menos estímulos ambientais, a menos atividades físicas e a menor exposição a estímulos luminosos, contribuindo ao aumento dos sintomas neurodegenerativos (Feinslier et al., 2017). Nesse sentido de exposição à luz, a temperatura da cor emitida pela iluminação elétrica pode ser modificada de acordo com o ritmo circadiano dos pacientes internos, variando entre 6.500 K ao amanhecer, 4.000 K ao entardecer e menos de 2.800 K ao anoitecer. Quando realizado, esse sistema de iluminação pode proporcionar melhorias ao humor, ao sono e à diminuição dos transtornos comportamentais presentes em pacientes com demência (Barret et al., 2018). Para facilitar essas modificações de temperatura de cor, são utilizados os sistemas de iluminação Tunable White, por serem capazes de mimetizar a intensidade da iluminação natural, conforme mostrado na Figura 3 (Tuaycharoen, 2020). Nesse aspecto, a pesquisa conduzida na Ásia avaliou o comportamento de 308 idosos tailandeses com idades entre 61 e 79 anos, provenientes de seis diferentes ambientes de saúde controlados. Constatou-se que os idosos tailandeses passam a adquirir maior autonomia e independência em um ambiente favorável e que compense suas necessidades biológicas e funcionais após a aplicação do sistema de iluminação Tunable White3, presente na Figura 3 (Tuaycharoen, 2020).


Nesse estudo, fatores significativos incluíram o tipo de abertura, o tipo de luminária, o tipo de lâmpada e o tipo de vista, bem como outros fatores relacionados à cor, à sinalização e ao mobiliário dos ambientes das casas de repouso. Em outro estudo, observou-se que a iluminação e as características arquitetônicas apropriadas em termos de cor, sinalização e mobiliário promoveram a descoberta de caminhos internos, melhorias no humor e na qualidade do sono em idosos residentes em casas de repouso ou internos em ambientes de saúde (Figueiró, 2008).


 


A aplicação de iluminação com temperatura de cor quente, cerca de 2.800 K, à noite nos quartos de residentes em lares de idosos evidenciou: diminuição dos distúrbios do sono; melhora do humor e do comportamento dos residentes; melhorias na qualidade do tratamento de quadros demenciais e cognitivos; e menor sobrecarga aos enfermeiros (Figueiró et al., 2011). Outro estudo semelhante ao de Figueiró (2011) considerou que o uso de luz extra perto do piso e de cores contrastantes entre piso e parede pode auxiliar os pacientes em ambientes de saúde a encontrar o caminho do seu respectivo quarto mais facilmente (Wolkove et al., 2007). Em outro experimento feito em uma casa de idosos para cuidados demenciais, a modificação da iluminação para uma cuidadosamente especificada e implementada propiciou melhorias no sono e no humor durante o dia por parte dos pacientes com DA (Figueiró et al., 2019). Dessa forma, a iluminação integrada ao ritmo circadiano, quando cuidadosamente especificada e implementada, propicia melhorias no humor, no sono e diminuição dos transtornos comportamentais presentes em pacientes com demência. Por fim, o estudo recente de Figueiró et al. (2020) teve como objetivo analisar a qualidade do sono de 47 idosos com demência em nove diferentes ambientes de saúde controlados. O ensaio clínico foi feito em 25 semanas a partir de modificações administradas à iluminação durante todo o dia. Foram empregadas medidas de actigrafia4 no pulso e medidas padronizadas de qualidade do sono, humor e comportamento (Figueiró et al., 2020). O estudo constatou que uma intervenção regular de iluminação diurna com eficácia circadiana pode melhorar o sono noturno e reduzir a depressão e a agitação em pacientes com demência que vivem em ambientes de saúde controlados. Dessa forma, tendo em vista os estudos demonstrados, pode-se afirmar que a iluminação desempenha forte influência no humor, no sono e na capacidade de recuperação e bem-estar dos usuários dos espaços internos, especialmente pacientes idosos. Logo, faz-se essencial considerála em um projeto hospitalar receptivo a pacientes com demência.


Cor


A escolha de cores adequadas é crucial no design arquitetônico para pessoas com demência. O uso de cores presentes na natureza e de alto contraste entre parede, piso e teto pode melhorar a caminhabilidade e a recordação de objetos. As preferências de cores parecem permanecer estáveis, então, personalizar as cores dos quartos pode ser benéfico (Ishikawa; Nakamura, 2012). Além disso, cores claras podem criar uma sensação de amplitude espacial, enquanto cores e contrastes adequados podem ser usados para diferenciar áreas e corredores. No entanto, é importante considerar a capacidade das pessoas com demência de discriminar cores e contrastes, que pode ser reduzida devido ao processo de amarelecimento do cristalino (Ishikawa; Nakamura, 2012). O?Connor (2020) corrobora ao averiguar em seu estudo melhorias de leitura, inclusão, conforto ambiental e independência no caminhar. O objetivo principal era fomentar estratégias de leitura para o público com demência a partir da trabalhabilidade do contraste com cores em textos e painéis de sinalização. O resultado foi efetivo na qualidade de agregar possibilidades de independência ao público com demência a partir da fácil leitura das sinalizações gráficas (O?Connor, 2020). O uso de cores artificiais deve ser aplicado com cautela, especialmente as que apresentem brilho na composição. Tons e arranjos imagéticos de tons naturais mimetizando flores, pôr do sol, arco-íris, plantas e animais podem ser aplicados em locais cuja função seja promover tranquilidade (Duzenli et al., 2018).


Kellert e Calabrese (2015) corroboram a sugestão do uso de cores naturais para atmosferas acolhedoras e tranquilizantes, tendo em vista que tais tonalidades criam conexões entre o ambiente construído e a natureza. Verde, azul e amarelo, por exemplo, são tonalidades relacionadas à natureza, permitindo influências na redução do estresse ao estimular o senso de conforto ambiental e a proximidade com o meio externo (Fernández, 2019). Por outro lado, indivíduos expostos à cor vermelha, ou demais cores com alto grau de saturação, podem ter seu estado fisiológico alterado, como aumento da tensão muscular, liberação de adrenalina, aumento do metabolismo, da frequência cardíaca e das atividades fisiológicas do sistema digestivo (Roth; Clar, 2018). Nesse quesito, o uso de cores pode promover valências emocionais de cunho positivo ou negativo nos idosos com demência em ambientes de saúde, a depender de como e em qual lugar determinada tonalidade for utilizada. Portanto, torna-se uma variável ambiental a ser levada em consideração em projetos de ambientes sensíveis à demência.


Formas As formas arquitetônicas também causam impacto ao cérebro humano. Espaços quadrados podem transmitir sensação de confinamento, pois o cérebro entende que está em um espaço fechado. Os estudos de Lei Xia (2020) mostram que ângulos agudos em mobiliários, por exemplo, podem evocar uma sensação de perigo, devido ao fato de o ser humano ser instintivamente ameaçado por objetos pontiagudos, considerados um potencial risco a machucados. Tal risco tende a causar estresse e ansiedade, mesmo que de forma inconsciente (Lei Xia, 2020). Em contraste, o uso de curvas ou contornos suaves transmite uma sensação de segurança e conforto, pois se assemelham a formas naturais (Kellert; Calabrese, 2015). Portanto, a mistura de geometrias curvas cria uma sensação de dinamismo, tornando o espaço menos estático e criando ambientes semelhantes à natureza, em constante mudança (Shaaban; Kamel; Khodeir, 2023).


De forma geral, as pessoas preferem objetos com contornos curvos em detrimento de objetivos com contornos afiados, como as pontas de uma mesa de jantar retangular. ?Essa tendência [...] parece estar relacionada à percepção implícita da mente humana de que formas pontiagudas são ameaçadoras e, portanto, podem machucar? (Pati et al., 2016, p.175). Outro elemento importante para evocar emoções na arquitetura é a textura, devido ao seu efeito visual e, principalmente, à possibilidade de sensação tátil, conforme Roth e Clar (2018). O sentido do tato desempenha um papel relevante nas percepções, pois promove a ação de gerar e modificar sensações. Texturas e emoções estão associadas e podem ser medidas com base na temperatura, na suavidade, na rugosidade e no prazer que proporcionam ao indivíduo (Iosifyan; Korolkova, 2019). A textura pode ser fornecida por materiais naturais, como madeira, pedra natural, bambu, palha e argila, que trazem texturas e cores reminiscentes da natureza (Kellert; Heerwagen; Mador, 2011).


Além disso, a altura do teto influencia a jornada da experiência no ambiente construído e, consequentemente, afeta os níveis de concentração do usuário. Tal influência foi mostrada nas pesquisas de Fernández (2019) e Shaaban, Kamel e Khodeir (2023). Tetos altos, por exemplo, são adequados em ambientes para atividades criativas. Foi registrado, nesse caso, que a altura do teto acima de 2,5 metros promove a ativação de áreas do sistema nervoso central relacionadas à liberdade e à exploração por parte do usuário. Essa ativação possibilita a promoção tanto de criatividade quanto de comportamentos espontâneos. Por outro lado, tetos mais próximos do chão, com pé-direito menor do que 2,5 metros, favorecem tarefas que exigem mais concentração e repetição. Ambos os estudos registraram que as áreas do sistema nervoso central relacionadas à definição de metas, aos objetivos e ao foco atencional são ativadas nesses espaços (Fernández, 2019; Shaaban, Kamel e Khodeir, 2023). Dessa forma, ambos os distanciamentos entre o chão e o teto influenciam o comportamento inconsciente do cérebro dos usuários de ambientes construídos. No ambiente de saúde sensível à demência, fica perceptível o uso estratégico de cores, caminhos curvilíneos, padrões e materiais que remetem à natureza. Tais recursos proporcionam uma fácil orientação na torre South Hill pertencente ao lar de idosos Rockwood Retirement Communities, localizado em Spokane, Washington. Isso auxilia os residentes a navegarem pelo edifício de forma independente, contribuindo para sentimentos de confiança e autoestima (Figura 4). 




Acesso à natureza


Ao considerar o acesso à natureza, a Teoria da Redução do Estresse, desenvolvida nos anos 90 por Roger Ulrich, sugere que os ambientes naturais podem reduzir o estresse fisiológico e as emoções aversivas. Outra teoria relevante foi a desenvolvida por Kaplan (1995): a Teoria do Restauro da Atenção, que defende que a natureza auxilia a renovar a atenção após o desgaste dos recursos cognitivos utilizados durante as atividades diárias. A teoria sugere que os recursos mentais dos seres humanos são limitados e, portanto, atividades envolvendo a cognição, o autocontrole, a criatividade e a concentração consomem grande parte dos recursos energéticos do corpo humano. Dessa forma, ambas as teorias propõem que a aproximação de recursos ambientais colabora para o fomento de ambientes aprazíveis aos ocupantes dos espaços construídos (Kaplan, 1995; Ulrich, 1993). Logo, a introdução do contato direto ou indireto com aspectos naturais nos ambientes de saúde torna-se uma estratégia de design arquitetônico promissora para mitigar os fatores estressantes para idosos com demência. No que tange à utilização de superfícies que remontam a aspectos da natureza, o trabalho conduzido por Ikei et al. (2017) revelou que ?[...] 


tocar a madeira com a palma da mão acalma a atividade do córtex préfrontal e induz a atividade nervosa parassimpática mais do que outros materiais [...]?, induzindo, assim, o relaxamento fisiológico dos usuários. Isso foi também evidenciado no estudo de Bhatta et al. (2017) ao mostrar que superfícies de madeira natural e lisa foram percebidas de forma mais positiva no toque emocional do que as revestidas com materiais inexistentes no ambiente natural. Trabalhos referentes à ?paisagem sonora?, também conhecida como soundscape, mostraram que a sonoridade do ambiente influencia a valência emocional de idosos com demência em lares de apoio clínico. O trabalho conduzido por Devos et al. (2019) evidenciou que o monitoramento adequado de ruídos e a aplicação de sons considerados ?calmantes?, como os de pássaros e os advindos da natureza, propiciam valências emocionais positivas, como sensação de bem-estar, conforto e segurança (Devos et al., 2019).


Kosters et al. (2019) corrobora ao identificar a redução clinicamente relevante dos sintomas neuropsiquiátricos de 110 idosos com demência em cinco casas de apoio clínico ao mitigar os ruídos urbanos e introduzir sonoridades naturais, bem como as apontadas por Devos et al. (2019). Outro estudo, de De Pessemier et al. (2022), sugere que a incorporação de soundscapes reconhecíveis como naturais e apreciados pelo público com demência em lares de apoio clínico contribui positivamente para a valência emocional dos ocupantes. Na investigação, evidenciou-se que aproximadamente 70% dos usuários obtiveram melhorias em relação ao bem-estar e ao conforto ambiental (De Pessemier et al., 2022). Referente aos aromas naturais, o estudo realizado por Silva et al. (2023) verificou a eficácia do Lavandula angustifolia Mill. como óleo essencial para o alívio da dor e a diminuição da ansiedade. Nesta pesquisa, foram avaliados 83 estudos provenientes de diversos países, envolvendo diversos métodos, aplicações e efeitos. Dos estudos avaliados, 83% envolviam a inalação do óleo; 14%, a aplicação do óleo na pele; e 3%, a ingestão de pílulas contendo tal substância (Silva et al., 2023). Dessa forma, a aplicação dessa essência natural ao projeto de arquitetura apresenta-se como estímulo sensorial promissor no que tange ao comportamento ansiolítico e ao bem-estar dos pacientes idosos com demência em ambientes de saúde. 


Conclusões e recomendações


O design arquitetônico sensível ao idoso com demência deve considerar cuidadosamente as formas, as texturas, o pé-direito, o acesso à natureza, as superfícies que remetem à natureza e os aromas naturais para criar ambientes que promovam o bem-estar e a qualidade de vida desses indivíduos. Esses elementos podem desempenhar um papel significativo na melhoria do ambiente construído para atender às necessidades específicas das pessoas com demência.


a Wayfinding (navegação no ambiente): o wayfinding é um aspecto crítico no design de ambientes para idosos com demência, pois essas pessoas, muitas vezes, enfrentam desafios de orientação espacial. O leiaute do ambiente, incluindo corredores simples, acesso visual claro, pouca uniformidade, sinalização eficaz e marcos visuais, desempenha um papel fundamental na melhoria da caminhabilidade desses indivíduos.


b Iluminação natural: a exposição à iluminação natural é essencial para a saúde física e mental dos idosos, incluindo aqueles com demência. A luz natural afeta o ritmo circadiano, melhora o humor, promove o bem-estar e pode ajudar a reduzir os distúrbios do sono. A integração de sistemas de iluminação Tunable White, que imitam a intensidade da luz natural, pode ser benéfica.


c Iluminação artificial: a iluminação artificial cuidadosamente projetada e implementada, incluindo a iluminação circadiana, pode melhorar o sono noturno, reduzir a depressão e a agitação em pacientes com demência. A iluminação deve ser adaptada às necessidades dos pacientes, levando em consideração o envelhecimento dos olhos e as necessidades individuais.


d Uso de cores: a escolha de cores adequadas desempenha um papel significativo na criação de ambientes acolhedores e tranquilos para pacientes com demência. Cores naturais e tons suaves estão associados à natureza e podem promover sensações de conforto e conexão com o ambiente. Deve-se evitar o uso excessivo de cores brilhantes e saturadas, que podem causar agitação.


e Formas arquitetônicas: evitar ângulos agudos e formas pontiagudas, optando por curvas e contornos suaves para transmitir sensações de segurança e conforto.


f Texturas na arquitetura: utilizar materiais naturais que proporcionem texturas e cores reminiscentes da natureza para criar uma sensação de familiaridade e conexão com o ambiente. g Altura do teto: estabelecer a altura do pé-direito de acordo com o propósito do espaço. Tetos mais altos podem ser ideais para ambientes criativos, enquanto os rebaixados podem favorecer a concentração.


h Acesso à natureza: integrar elementos naturais, como áreas verdes, luz natural e vistas para a natureza, para reduzir o estresse e melhorar o bem-estar dos residentes.


i Superfícies que remetem à natureza: utilizar materiais que remetam à natureza, como madeira natural, para criar ambientes acolhedores e reconfortantes.


j Paisagem sonora e aromas naturais: considerar a paisagem sonora, incorporando sons naturais calmantes, como os de pássaros, e aromas naturais, como o óleo essencial de Lavandula angustifolia Mill., para criar ambientes que promovam sentimentos de bem-estar, conforto e segurança. 


Em resumo, o design arquitetônico sensível ao idoso com demência deve ser pensado de forma sistêmica, levando em consideração não apenas os aspectos físicos do ambiente, mas também os elementos sensoriais que podem influenciar positivamente o estado emocional e cognitivo dos residentes. Essa abordagem pode contribuir para a criação de ambientes terapêuticos que melhorem a qualidade e a experiência de vida das pessoas com demência, promovendo independência, bem-estar e menor sobrecarga de trabalho aos cuidadores e familiares envolvidos.



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