IPH - Instituto de Pesquisas Hospitalares

Publicações Revista IPH Revista IPH Nº20 Entrevista com Tye Farrow

Entrevista com Tye Farrow Marcio Oliveira
Marcio Oliveira: A neuroarquitetura é um campo fascinante e emergente que explora o impacto do ambiente construído sobre o bem-estar humano e a função cognitiva. Você pode compartilhar alguns exemplos de como esse campo de estudo influenciou seus projetos de ambientes de saúde para promover a cura e o bem-estar?

Tye Farrow: No começo da minha carreira, ao projetar hospitais, intuitivamente comecei a entender como certos ambientes hospitalares nos faziam sentir e como outros nos faziam sentir melhor ? tanto para aqueles que se curavam como os que trabalhavam. E isso começou a influenciar nossas possibilidades de criar instalações médicas de alto desempenho, mas também, tão importante quanto, ambientes ?saudáveis? de desempenho humano. E saúde é a palavra-chave no que diz respeito aos seres humanos, não ?assistência à saúde?. Hoje a palavra ?saúde? virou sinônimo de ?assistência à saúde?. Debates sobre eficiência, tempo de espera e sistemas de entrega ofuscaram uma questão muito maior, que é como reduzir o uso geral e a dependência dos serviços médicos. Uma busca no Google por ?causa de saúde? produz inúmeras variações de ?causa de problemas de saúde?, ?causa de anormalidades de saúde?, ?causa de riscos à saúde? e ?causa de saúde ameaçada?. Qualquer resultado positivo para a pesquisa de como podemos realmente criar ? ou causar ? saúde está ausente da avalanche online de deficiências da assistência à saúde e dicas de prevenção contra doenças. Parece que estamos vivendo em uma cultura de saúde negativa. Não é de se admirar que os custos associados à manutenção da saúde em nossa sociedade saíram do controle.

Se quisermos transformar a cultura da saúde e reduzir seus custos, precisamos repensar o design hospitalar. Para que isso aconteça, precisamos de uma abordagem saluto-sistêmica, tanto para o processo do projeto quanto para as ideias formais do projeto arquitetônico ? ligada à saúde da mente, cuja perspectiva está na interseção da neurociência com a arquitetura. Esse tipo de perspectiva promove narrativas transformadoras, levando a hábitos e comportamentos saudáveis para aqueles que passam tempo em nossos hospitais, como pacientes, funcionários e visitantes.

MO: A construção em mass timber (conhecida no Brasil como madeira engenheirada) vem ganhando popularidade nos últimos anos por suas qualidades sustentáveis e estéticas. Como vocês têm incorporado a madeira aos seus projetos e quais benefícios ela oferece em termos de experiência do paciente e em sustentabilidade?

TF: Definitivamente, o uso da madeira em termos de sustentabilidade é ótimo, uma vez que tentamos descarbonizar nossos hospitais, que estão entre os piores tipos de construção nesse sentido.

A madeira é um material admirável, pois se relaciona com o desempenho humano e seus produtos, área em que há muitas pesquisas pouco conhecidas. O uso da madeira em instituições de saúde/de cuidados continuados oferece uma série de benefícios fisiológicos e psicológicos:

 - Benefícios materiais e imateriais, que incluem o impacto significativo sobre a evolução em quadros de saúde;

- É hipoalergênica, tem propriedades antimicrobianas, além de suas qualidades de absorção sonora e baixa emissão de gases;

- Diminui coletivamente os efeitos fisiológicos negativos sobre os ocupantes;

- No âmbito da neurobiologia, é condizente com o conceito de Enriquecimento Ambiental por meio de todos os nossos sentidos, exercendo influência olfativa, tátil, visual e auditiva sobre a saúde cognitiva e física;

- A percepção sensorial da madeira, via estímulos olfativos, auditivos, táteis e visuais, resulta em uma série de benefícios fisiológicos;

- O estímulo olfatório proporcionado pela madeira reduz a pressão arterial e os níveis de cortisol;

- O som produzido por leves batidas na madeira acalma as ondas teta e beta no cérebro;

- O uso de madeira em unidades neonatais melhorou os hábitos de sono dos recém-nascidos em 20%;

- O uso de madeira em ambientes de cuidados contínuos favorece a convalescença, inspira esperança, mensurando a experiência subjetiva do residente.

MO: Ambientes de saúde geralmente exigem um equilíbrio delicado entre funcionalidade, estética e conforto. Você poderia citar algumas abordagens ou estratégias de design inovadoras que você já empregou para criar ambientes de saúde que sejam tanto eficientes como acolhedores para pacientes e funcionários?

TF: Três exemplos me vêm à mente:

a Salas de radioterapia do Hospital Regional de Thunder Bay

As salas de radioterapia do Hospital Regional de Thunder Bay foram as primeiras de seu tipo no Canadá. Normalmente, as salas de radioterapia (também conhecidas, em um jargão mais bélico, como ?bunkers? de câncer) são lugares bastante sombrios e sem luz natural, mas nosso design para salas de tratamento traz luz solar direta por meio de uma claraboia cuidadosamente modelada. Embora o projeto das salas para controlar a radiação tenha sido tecnicamente desafiador, além de ter que atender aos rigorosos requisitos da Atomic Energy Canada, o impacto sobre o bem-estar psicológico de pacientes e profissionais de saúde é enorme.

A radiação dissipa sua energia e, consequentemente, suas propriedades nocivas, exponencialmente. Portanto, no projeto do ?bunker? de câncer, podemos limitar sua propagação manipulando a distância percorrida e a forma da rota pela qual viaja. Por outro lado, quando um paciente recebe o tratamento, a máquina de radiação foca suas luzes laser em marcas pré-pintadas no corpo, possibilitando o tratamento preciso e necessário contra o câncer. Isso requer um nível de luz muito baixo para garantir que os lasers sejam visíveis. Para atender a esses requisitos, começamos a estudar projetos de galerias de arte que permitem a penetração da luz natural, mas de forma focalizada, como pinturas que devem ser vistas com luz natural, mas também são altamente suscetíveis a seus danos. A equipe chegou a uma solução autêntica que traz a luz norte diretamente para baixo, de forma focada, ao longo de uma parede modelada que agarra a luz, à medida que esta penetra na sala, para iluminar um jardim natural plantado abaixo. Dessa forma, a intensidade da luz aumenta e diminui de acordo com a mudança do clima e das estações, mantendo a luz do dia focada no pé da mesa de tratamento, onde os pacientes submetidos à radioterapia possam vê-la.

Normalmente, quando entramos em uma sala de radioterapia, passamos por um labirinto na entrada que dissipa a radiação. Geralmente, no final, você vira uma ?esquina? e se vê olhando diretamente para a máquina de tratamento aparentemente superdimensionada, o que pode ser uma experiência deprimente. Nas salas de radioterapia do Thunder Bay, no entanto, viramos a máquina de modo que, ao entrar, não notamos a máquina, mas sim um jardim iluminado pelo sol. Este é um avanço simples, porém notável, no design do ?bunker? de câncer pela maneira como oferece uma sensação de quietude, intimidade e esperança para pacientes e funcionários.

b Unidades de Terapia Intensiva de alta performance para pacientes com Covid-19 Para aumentar as chances de obter melhores resultados, a equipe médica aumenta os níveis de oxigênio de pacientes com Covid-19, o que permite que seus pulmões trabalhem em um nível mais alto do que seria possível sem essa manobra. Da mesma forma, nossa estratégia de design para montar rapidamente alas de UTI para pacientes com Covid-19 explorou a capacidade de ?melhorar? uma unidade de terapia intensiva típica para alcançar resultados melhores para os pacientes, além de ajudar a equipe médica a fazer seu trabalho em um momento em que estavam trabalhando incessantemente e sob algumas das piores condições médicas imagináveis.

Começamos pensando como o espaço físico de uma ala de UTI para pacientes com Covid-19 poderia trazer uma sensação de amparo para os que estavam cuidando ou sendo cuidados em condições muito difíceis. Com base em nosso trabalho nas salas de radioterapia do Hospital Regional de Thunder Bay, onde aplicamos a luz do dia nas áreas de tratamento, projetamos algo semelhante, para que servisse como um acelerador de resultados de saúde e bem-estar. 

A UTI para pacientes com Covid-19 apresenta forma retangular simples, com doze quartos individuais de pacientes utilizando três terços da área e os espaços de apoio da equipe no terço restante. No centro do retângulo está a zona de atendimento da equipe médica. Acima dessa área central, levantamos o teto para criar uma entrada de luz nos quatro lados, a qual funciona como um lanternim, iluminando as áreas de trabalho dos funcionários com a luz diurna ? característica rara na maioria das unidades de terapia intensiva. Os pacientes em observação na zona de cuidado não possuíam acesso à vista, e seu acesso à luz natural era mínimo, devido ao fato de as janelas estarem posicionadas na parte de trás ou ao lado de seus quartos. No entanto, a lanterna elevada fornece vista direta para os pacientes em ventilação mecânica, que ficam deitados em suas camas ? assim eles conseguem ver pelas janelas acima do posto de atendimento, permitindo que se sintam pelo menos uma parte da mudança dos ciclos dia/noite, das estações e das condições climáticas.

Mesmo para pacientes inicialmente inconscientes, isso contribui para resultados melhores no futuro. Os efeitos da melhoria da saúde por meio da participação nos ritmos circadianos regulares da luz do dia têm sido bem documentados entre bebês prematuros em unidades de terapia intensiva neonatal, por exemplo. Os efeitos salutares de estar próximo de uma janela e da luz natural são semelhantes para os pacientes de Covid-19 à medida que passam da inconsciência para a semiconsciência e, finalmente, à consciência novamente. Ser capaz de sentir ou ver a luz mudar por uma nuvem que passa, uma tempestade repentina, o sol quente da tarde, o luar suave ou o amanhecer dá uma sensação de vida, tempo, coerência e esperança.

c Melhoria nos resultados no mais novo centro oncológico de Israel

O último exemplo é o nosso recém-inaugurado centro oncológico de Jerusalém. Sabemos que, para melhorar a experiência humana, os espaços hospitalares de hoje precisam ser projetados para superar os meros tratamentos técnicos existentes. Em 2013, o Centro Médico Shaare Zedek (SZMC), em Jerusalém, começou a projetar um novo centro oncológico que fosse emblemático para Israel, combinando vários campos do conhecimento para criar um ambiente de saúde ?aprimorado? ou ?enriquecido?, beneficiando-se de intervenções multissensoriais de bem-estar neurológico de base científica para aprimorar a experiência clínica do ser humano. 

O ambiente físico pode melhorar o bem-estar mental e físico da pessoa, fator conhecido como Enriquecimento Ambiental (EE). Os pesquisadores Diamond e Rosenzweig mostraram que ambientes físicos imersivos podem inclusive alterar o meio bioquímico e a estrutura neuro-anatômica do cérebro. Além disso, o embreathment, conceito relativamente novo referente à cognição corpórea, é a representação da respiração fisiológica do ser que, em experiências imersivas, é usada para aumentar a sensação de presença e a consciência corporal. Exemplos disso incluem a meditação de escaneamento corporal e o relaxamento muscular progressivo.

O embreathment pode ser usado para reduzir a claustrofobia e as cognições negativas a ela associadas, incluindo sentimentos de restrição e sufocamento, por outro lado aumentando a sensação de controle, a esperança e a consciência corporal em uma situação em que geralmente a capacidade de ação pelo indivíduo é restrita. Por exemplo, a claustrofobia observada em salas de ressonância magnética é um desafio psicológico significativo na busca pelo melhor resultado no exame. No entanto, o uso de uma representação da respiração do paciente aumenta a sensação de controle e já foi demonstrado que atua para diminuir a sensação de claustrofobia.

Um aspecto singular do projeto do SZMC é o de ter sido baseado nesses princípios, com a adoção de intervenções que buscam o bem-estar neurológico, cientificamente fundamentadas e baseadas em pesquisas pioneiras sobre integração multissensorial, realizadas no Instituto de Cognição Cerebral e Tecnologia Prof. Amir Amedi da Universidade Reichman. Descobertas neurocientíficas recentes revelaram novas ideias sobre os sentidos e sobre o efeito bidirecional da mente no corpo (ou seja, de cima para baixo) e vice-versa (de baixo para cima), como por exemplo a percepção que cada um tem da dor. Historicamente, a dor sempre fez os médicos prescreverem analgésicos, mas a dor crônica e aguda são sabidamente fenômenos complexos e por vezes subjetivos. Pessoas diferentes podem experimentar o mesmo estímulo nociceptivo1 físico, mas relatam diferentes níveis de dor. Além disso, sabe-se que os sentidos influenciam nossa percepção da dor.

O laboratório de Amedi mostrou as sobreposições entre representações corporais e áreas relacionadas a funções mentais e emocionais de alta ordem, em que informações sensoriais como a dor podem ser transmitidas por modalidades sensoriais alternativas, por meio da substituição sensorial, o que significa que experiências imersivas podem reprogramar o cérebro para proporcionar as influências desejadas, de cima para baixo. Por exemplo, o uso de sistemas imersivos externos de feedback multissensorial visual e auditivo, que reagem à respiração em tempo real por meio do embreathment, demonstrou ser possível induzir a substituição sensorial mente-corpo, e modificar a própria consciência interna. No novo centro oncológico SZMC, a sala de simulação com uso de tomografia serviu para explorar estas experiências de tratamento no bem-estar neurológico multissensorial. A sala foi projetada com capacidade máxima de programação sensorial, permitindo a integração multissensorial com a apresentação concomitante de estímulos auditivos, visuais e táteis, incluindo um display de LED curvo ?cercando? o CT, com iluminação ambiente que amplia o efeito do display para toda a sala; sistema de áudio ambisônico2 exclusivo composto por nove alto-falantes, que permite a aplicação de algoritmos para localizar os sons no espaço, e interfaces táteis ao longo da superfície dos leitos.

Finalmente, sensores foram integrados para criar experiências interativas, permitindo uma interação dinâmica com os sinais fisiológicos de cada pessoa por meio de uma experiência de usuário personalizada. Dessa forma, a ansiedade foi reduzida por meio de sons localizados e pela representação da respiração do usuário, visando melhorar a sensação de controle e a consciência corporal, guiando-o por meio de um padrão respiratório desejado e mais calmo, resultando, entre outras coisas, em uma sensação de esperança.

Pensando no futuro, implementações semelhantes poderiam ser construídas usando tecnologia responsiva humana, iluminação reativa e elementos arquitetônicos cinéticos interativos em salas de tratamento, áreas de espera e salas de funcionários e, eventualmente, poderiam ser aplicadas a toda a gama da experiência do paciente, começando com o estacionamento, passando pelo saguão principal e todas as rotas de circulação. Ao chegar à sala de radioterapia, a sensação de controle do paciente, após uma jornada de enriquecimento ambiental, estaria mais forte, levando à melhoria de toda a sua experiência, incluindo a esperança. A esperança é considerada como um construto cientificamente sólido, tanto cognitivo quanto pragmático (#Corn), segundo o modelo de esperança de Snyder, baseado em uma orientação em torno de objetivos plausíveis e significativos, conhecida como ?Teoria da Esperança?.

MO: A Farrow Partners construiu uma reputação por seu trabalho com arquitetura de saúde, mas também desenvolve outros temas. Você pode falar sobre alguns desses projetos que considera particularmente impactantes ou significativos e sobre os desafios enfrentados para sua concepção e implementação?

TF: Internacionalmente, realmente somos conhecidos principalmente pelo nosso trabalho de ?saúde?. Mas, como mostro no meu livro, somos muito ativos também em projetos urbanos e na área de conhecimento / educação. Projetamos alguns hospitais que ganharam reconhecimento internacional por seu pensamento na área. No entanto, embora possa parecer contraintuitivo profissionalmente, acredito que há duas perguntas que devemos fazer. Em primeiro lugar, o que precisaríamos fazer para ?erradicar? os hospitais da maneira como são concebidos atualmente, para além dos eventos episódicos da vida em que são necessários, como a quebra de um braço ou o tratamento de doenças graves? Em segundo lugar, o que precisaríamos mudar na forma como nossas sociedades estão estruturadas e operam para permitir que isso ocorra? Penso que devemos nos afastar da ideia de hospitais como ?Centros de Excelência? em uma visão patogênica dos cuidados de saúde, para nos aproximar da ideia de ?Centros de Influência? numa visão salutogênica, que causa a saúde e o bem-estar ideais. Nossos Centros de Estilo de Vida na África do Sul, cujo objetivo é promover a saúde, são um bom exemplo desse pensamento e da consequente tipologia de construção.

Nas nossas estruturas de governos atuais, a saúde, o que causa a saúde, e o sistema de saúde em si, são pensados de forma isolada. Temos ministérios ou departamentos de assuntos municipais, habitação, educação, desenvolvimento econômico, serviços sociais e ?saúde?. Contudo, a saúde ideal é o resultado da influência combinada de onde vivemos, trabalhamos, aprendemos, curamos e brincamos, de nossas formas de transporte, o que comemos, nossos hábitos sociais e interações com os outros e com nossos ambientes naturais e construídos. Essa forma isolada de pensar deve mudar se quisermos criar uma revolução transformacional, em vez de pequenas melhorias incrementais. Não devemos apenas trabalhar em estratégias preventivas de saúde, como imunização, antibióticos e táticas de triagem proativas que impeçam que coisas ruins ocorram, mas fundamentalmente mover nosso olhar mais para cima e voltar nosso foco para o que ativamente causa a saúde ideal.

Nosso ?Projeto Arquipélago de Veneza?, na Itália, é um exemplo de construção de cidades que usa a abordagem saluto-sistêmica para o design urbano e explora novas hipóteses de pesquisa em estratégias de design urbano centradas no ser humano e na saúde para sistemas urbanos complexos, construindo fortes relações entre a pessoa e o lugar, priorizando a reverberação entre o espaço interno (indivíduo) e o externo (ambiente) por meio da Teoria da Emoção Construída. O projeto é uma maneira inédita e prática de Veneza lidar com suas ?inundações gêmeas?, a causada pelo aumento do nível do mar e a causada pelo turismo de massa, que vem inundando a cidade com efeitos devastadores nos últimos 50 anos. Como podemos causar a saúde no ato de criar e construir a cidade. Além disso, nosso ?Projeto Ponte Viva? continua nosso interesse em infraestrutura multiuso no plano diretor do Arquipélago de Veneza. Nesse caso, explora o uso de pontes existentes para acomodar outros propósitos, incluindo moradias a preços razoáveis em cidades urbanas densas, onde a terra disponível e acessível é um bem escasso. Pense na Ponte Rialto, em Veneza, ou na Ponte Vecchio, em Florença, que há muito tempo combinava infraestrutura com usos mistos e caminháveis em escala humana, criando ambientes e marcos urbanos amados.

Cidades vibrantes em todo o mundo têm uma demanda urgente para resolver um efeito colateral alarmante de seu sucesso ? uma alta qualidade de vida que rapidamente se torna inacessível para pessoas essenciais para a manutenção dessas comunidades saudáveis e resilientes, mas que não conseguem mais viver ali. Isso inclui enfermeiros, professores e policiais, entre outros, que precisam enfrentar longos deslocamentos desde subúrbios e periferias devido às condições de vida inacessíveis na própria cidade. Aliado a isso, estamos vendo níveis crescentes de problemas de saúde mental, especificamente entre aqueles que vivem sozinhos, jovens e idosos, devido aos crescentes níveis de isolamento em condomínios e prédios de apartamentos que funcionam como verdadeiros entorpecentes mentais. Além disso, muitos dos projetos acessíveis em construção hoje em dia focam apenas uma idade ou grupo socioeconômico, em vez de serem multigeracionais e diversos do ponto de vista econômico e social, o que criaria comunidades mais vibrantes, úteis e saudáveis.

A Living Bridge é uma solução de micro-habitação economicamente viável e eficaz que utiliza um sistema de construção modular, leve e de montagem rápida. Surgiu do setor automotivo, e nós estamos empenhados em adaptá-la para o setor da construção. No entanto, o tema comum em todas as nossas construções, prédios para cuidados da saúde e prédios ?causadores de saúde?, é uma exploração do seguinte: 

  • Como os edifícios nos fazem sentir?
  • Como eles podem nos fazer sentir melhor?

Usando pesquisas na interseção emergente de neurociência e arquitetura, exploramos como nossa mente e seus vários sistemas sensoriais interagem com nosso ambiente construído para melhorar ou prejudicar a saúde e o bem-estar.

Embora o cérebro biológico esteja fisicamente alojado no crânio, pesquisas recentes revelam que a mente, o sistema operacional do cérebro, se estende através e além do corpo para se envolver com nosso entorno. Isso levanta questões urgentes sobre o papel da arquitetura e da construção espacial na criação da saúde da mente. Estamos trabalhando para preencher a lacuna de conhecimento entre o mundo médico terapêutico e a comunidade de design para revelar como a formação intencional de nosso ambiente pode apoiar nossa saúde física, neurológica e o bem-estar. Tomamos como base pesquisas em campos da teoria da integração sensorial, psicologia ambiental, psicologia ocupacional, psicologia do fator humano, psicologia experimental, neurociência cognitiva e teoria da restauração da atenção, bem como áreas de aprimoramento da saúde que não são clínicas, incluindo biofilia, neurodiversidade, impacto sensorial, neuroestética, neuroartes, neurofenomenologia, bem-estar neurológico, neurociência ambiental e neurourbanismo.

Nossos projetos exploram descobertas recentes da psicologia cognitiva (a ciência da mente) e da neurociência (a ciência do cérebro) sobre como formamos relacionamentos salutogênicos, que propiciam a saúde, entre a pessoa e o lugar, semelhantes aos relacionamentos saudáveis e significativos entre as pessoas. Por meio do estudo e da aplicação do enriquecimento ambiental, podemos descobrir como projetar intencionalmente nossos ambientes para torná-los mais generosos e oferecer recursos que nos ajudem em nossa vida diária. Isso não apenas reduz os danos ambientais, mas também melhora a saúde física, social e mental. Meu novo livro, Constructing health: How the built environment improve your mind?s health, tenta oferecer um caminho envolvente e acessível para a construção da saúde por meio de qualidades e características de design específicas e mensuráveis, que melhoram o desempenho humano nas cidades em que vivemos, nas casas que habitamos, nos lugares que aprendemos e nos espaços em que somos curados.
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