Implantação de humanização na radioterapia infantil do Instituto Nacional de Câncer – INCA

Implantação de humanização na radioterapia infantil do Instituto Nacional de Câncer – INCA
Fernanda Maia Valotto, Luciana Mattos dos Anjos Galdino e Luiz Fernando Flores Cerqueira
Resumo
Este artigo aborda a implementação de medidas de humanização realizadas no setor de radioterapia pediátrica do Instituto Nacional de Câncer – INCA. O principal objetivo é compartilhar e discutir as estratégias adotadas pelo hospital para melhorar a experiência de crianças e adolescentes submetidos às sessões diárias de radioterapia. Além disso, demonstrar a eficácia dessas ações por meio de evidências e dados coletados. São apresentados os resultados alcançados, destacando o impacto no bem-estar dos usuários. As intervenções resultaram na diminuição da necessidade de anestesia, no absenteísmo e no relato de medo nas consultas de revisão. A reforma arquitetônica proporcionou um ambiente mais acolhedor e estimulante criando uma atmosfera mais positiva e menos intimidadora, em um cenário de incertezas e preocupações. Os resultados destacam a importância da humanização no contexto hospitalar, não apenas no atendimento, mas também na infraestrutura física dos espaços.

Palavras-chave
humanização hospitalar; pediatria; radioterapia infantil.

1. Câncer e radioterapia infantojuvenil
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer – INCA, estima-se que aproximadamente 704 mil novos casos de câncer ocorrerão no Brasil durante o triênio de 2023 a 2025. Desses casos, calcula-se que 7.930 serão de ocorrência na população infantojuvenil (INCA, 2022).

Ainda de acordo com a mesma fonte, nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo. Atualmente, é possível alcançar uma taxa de cura em torno de 80% nesse grupo, desde que o diagnóstico seja precoce e o tratamento administrado, o mais adequado (INCA, 2022).

Nesse contexto, cerca de 40% dos pacientes pediátricos farão sessões de radioterapia como parte integrante do tratamento. Durante a terapia, os pacientes precisam frequentar o hospital diariamente por um período de até sete semanas, dependendo das características específicas do tumor (Magalhães et al., 2022).

A radioterapia é uma forma de tratamento oncológico, na qual radiações ionizantes são utilizadas para destruir as células cancerígenas ou impedir que se multipliquem. No decorrer da sessão, o paciente fica sozinho na sala, deitado na mesa de tratamento, enquanto a máquina fica direcionada para a área do corpo a ser tratada.
Sendo na área de cabeça e pescoço, é necessário que o paciente use uma máscara que ajuda a manter a posição correta durante o tratamento. Se for no restante do corpo, serão feitas marcações com uma tinta especial no local para os técnicos de radioterapia posicionarem o paciente corretamente [...] após o paciente ser posicionado pelo técnico de radioterapia na maca do aparelho, ele deverá ficar imóvel, para que a radiação não ultrapasse os limites da área marcada para o tratamento (INCA, 2023).
Sendo assim, a forma como é estruturado o procedimento radioterápico atualmente impõe à criança permanecer imóvel no equipamento durante as sessões, o que pode ser bastante incômodo e desafiador para essa faixa etária. Além disso, outras características de uma sala de tratamento podem contribuir para uma percepção negativa do ambiente, como iluminação reduzida, baixa temperatura, tamanho imponente do aparelho e ausência do acompanhante.

Nesse contexto, segundo Magalhães et al. (2022), as dificuldades enfrentadas pelos pacientes pediátricos diante das peculiaridades desse tratamento resultam na necessidade de utilização de anestesia ou sedação para cerca de 40% a 50% das crianças tratadas (Khurmi et al., 2018).

2. Humanização na radioterapia infantil do INCA
O Instituto Nacional de Câncer - INCA localiza-se no município do Rio de Janeiro e possui quatro unidades hospitalares dedicadas ao tratamento oncológico. No Hospital do Câncer I – HC I, situado à Praça da Cruz Vermelha, no Centro da cidade, é onde ocorre o atendimento aos pacientes pediátricos.

Por ano, aproximadamente 350 novos casos são admitidos pela unidade e, dentre eles, em torno de 120 crianças são submetidas à radioterapia. O tempo diário de permanência no aparelho radioterápico varia geralmente de 10 a 20 minutos, podendo dobrar se o tratamento for realizado sob anestesia (Magalhães et al, 2022).

No setor da radioterapia infantil, diante do reconhecimento das dificuldades inerentes ao dia a dia, como o ambiente desfavorável e a fragilidade das crianças e seus acompanhantes, começaram a ser implementadas medidas de humanização com intervenções lúdicas de baixo custo, para melhorar tanto o bem-estar dos pacientes e seus familiares como a eficiência do fluxo operacional.

Essas ações estão alinhadas com o que preconiza a Política Nacional de Humanização – PNH (Brasil, 2004), que apresenta diretrizes a serem efetivadas no cotidiano da rede de saúde pública do Brasil para aumentar a qualidade do atendimento e da gestão.

A primeira ideia aplicada foi o uso das chamadas máscaras termoplásticas, que imobilizam as crianças que tratam as regiões de cabeça e pescoço. Elas são moldadas de forma específica para cada indivíduo, conforme suas características físicas, e passaram a ser customizadas com personagens do universo infantil, de acordo com a preferência de cada um.

Com isso, a equipe responsável pelos atendimentos do setor observou que os pacientes pediátricos apresentaram uma excelente aceitação diante dessa primeira ação. A partir desse momento, o mundo dos super-heróis e princesas, entre outros ícones, passou a fazer parte do ambiente da radioterapia e inspirou a equipe de profissionais a desenvolver mais propostas que ofereçam acolhimento em uma atmosfera lúdica.

Por meio de uma campanha de doação de fantasias, as crianças passaram a fazer o tratamento com o uniforme completo, vestidas com a roupa e a máscara de seus personagens favoritos (Figuras 1 e 2).



Fotos 1 e 2 – Pacientes prontos para início da sessão de radioterapia, com suas fantasias e máscaras customizadas.
Fonte: Radioterapia do INCA, 2022.

Além disso, foram introduzidas outras iniciativas, como a reprodução de contos e músicas na sala de tratamento; comemoração de datas festivas; celebração do Dia dos Incríveis, com a presença de personagens que distribuem presentes; doação de um kit de boas-vindas para quem está chegando, contendo manta, copo, itens de higiene e brinquedos variados; doação da máscara personalizada no fim do tratamento, além de bonecos de feltro do personagem favorito e premiação com certificados de coragem.

Simultaneamente, os espaços de espera passaram por mudança de layout para favorecer o brINCAr, com a ajuda de livros, jogos, brinquedos e materiais para desenho, também provenientes de doações.

A implementação e os resultados dessas intervenções foram objeto de pesquisa de Magalhães et al. (2022). De maio de 2016 a dezembro de 2017, foram avaliadas 188 crianças com idade inferior a 18 anos. Entre elas, 144 receberam alguma forma de intervenção de humanização durante o tratamento. A maioria estava na faixa etária entre quatro e sete anos (35,2%), e a média de idade foi de 8,5 anos. Como resultado:
Foi possível constatar que pequenas atitudes puderam transformar o entendimento e o enfrentamento de um problema. O aparelho volumoso, e até então assustador, passou a ser chamado de nave espacial e fazer parte de um universo lúdico, em que os super-heróis ganharam força e confiança e o medo se transformou em aventura. Ao receberem a fantasia correspondente à máscara escolhida, a imaginação se encarregou de completar a transformação. A mudança de comportamento foi evidente para todos os envolvidos, um tratamento antes tão temido passou a ser desejado pelos pequenos pacientes, que passaram a pedir para irem ao hospital também nos fins de semana. A confiança entre os familiares e a equipe aumentou, e os pais puderam apoiar e participar mais ativamente do tratamento de seus filhos, contribuindo para um ambiente mais acolhedor. Esse cenário lúdico permitiu uma maior adesão ao tratamento, as faltas passaram a ser raras e a necessidade de ficar imóvel passou a fazer parte da atmosfera de brINCAdeira, agilizando os tratamentos nos aparelhos (Magalhães, et al., 2022, p. 4).
Estatisticamente, 33,8% das crianças que participaram do estudo precisaram de anestesia, número abaixo do valor de referência (de 40% a 50%) apontado por Khurmi et al. (2018).

Além disso, 7,7% dos pacientes acompanhados pelo estudo conseguiram abandonar a necessidade da anestesia durante as sessões, fato associado à aquisição de segurança com o processo. O absenteísmo também foi reduzido, e o medo do tratamento passou a não ser mais relatado nas consultas de revisão.

3. A humanização por meio da arquitetura
Em busca de aprimorar continuamente a qualidade do atendimento prestado às famílias que frequentam diariamente o setor da radioterapia, a equipe de profissionais responsáveis pela assistência desenvolveu novos objetivos para dar continuidade ao processo de humanização. Dessa vez, o foco foi na remodelação do espaço físico.

Nesse contexto, foi necessário buscar verbas para a concretização da ideia submetendo o projeto ao edital do Banco do Bem. Lançado anualmente pelo INCAvoluntário desde 2007, o edital destina as doações financeiras recebidas para projetos que visam proporcionar melhorias na qualidade de vida dos pacientes e seus acompanhantes (INCAvoluntário, 2024).

A área de ações voluntárias do Instituto Nacional de Câncer, o INCAvoluntário, é responsável pelo planejamento e promoção das ações filantrópicas dentro da instituição em prol dos pacientes. Formalizado em 2003, entre seus objetivos está a humanização do ambiente hospitalar; a melhoria da autoestima das pessoas em tratamento e seus acompanhantes; o apoio para que o paciente não interrompa o tratamento por falta de recursos financeiros; e a promoção de atividades que contribuam para a geração de renda (INCA, 2022).

Na seleção do Banco do Bem realizada no fim de 2022, a proposta para humanização do espaço físico da radioterapia infantil da instituição foi selecionada e, com isso, iniciou-se a nova etapa de intervenção.

Foi contratada uma equipe de arquitetos para desenvolver o projeto de reforma dos ambientes de atendimento de radioterapia infantil a partir do conceito de que as crianças enxergam a máquina de tratamento como uma nave espacial, aliado à paixão delas por super-heróis e princesas.

Os locais incluídos na área de intervenção foram: sala de espera, sala de tratamento, sala de recuperação pós-anestésica (RPA) e camarim (espaço para onde as crianças vão para escolher suas fantasias, se arrumarem e se prepararem para entrar na aventura do processo terapêutico).

Considerando a realidade de um hospital público, o planejamento da reforma teve como fator limitante uma verba restrita, que não possibilitaria uma reformulação total das salas envolvidas. Além disso, as soluções apresentadas para os acabamentos e mobiliários deveriam ser de fácil manutenção para não comprometer o bom funcionamento das instalações ao longo dos anos.

As discussões, desde o projeto básico até o executivo, envolveram uma equipe multidisciplinar composta por funcionários do INCA e arquitetos contratados. O resultado apresentado criou uma atmosfera espacial, com a presença de heróis, astronautas, estrelas, entre outros elementos, conforme pode ser visto nas fotos a seguir.

Na sala de espera, optou-se por alterar a cor das paredes (antes vermelhas) o layout das longarinas enfileiradas e a iluminação impessoal. As novas cores empregadas contribuem para a sensação de acolhimento e tranquilidade; o sofá em formato de U estimula a interação e a troca de experiências entre as pessoas; a iluminação ganhou destaque e ajuda a valorizar os elementos que compõem o ambiente (Figura 3).

Foto 3 – Maquete eletrônica do projeto da sala de espera da radioterapia infantil. Projeto de Elisa Bittar, Epitácio Panda, João Vicente Guimarães e Luiz Aguiar. Fonte: Radioterapia do INCA, 2023.


O design do espaço permite que as crianças explorem a decoração e os cantinhos disponíveis. Além disso, a porta de acesso à sala de tratamento foi projetada de forma a sugerir a entrada em um universo alternativo, tornando a experiência mais lúdica e menos intimidadora para os pequenos pacientes.

Na sala de tratamento, predominam as tonalidades azul e branco como recurso para acalmar os usuários. Pinturas representando elementos da galáxia foram adicionadas às paredes, acompanhadas por uma iluminação cênica que convida o paciente a entrar no ambiente e explorá-lo. Dessa forma, é possível oferecer um espaço que desperta interesse e curiosidade, ao mesmo tempo que proporciona acolhimento (Figuras 4 e 5).

Foto 4 – Maquete eletrônica do projeto da sala de tratamento da radioterapia infantil. Projeto de Elisa Bittar, Epitácio Panda, João V. Guimarães e Luiz Aguiar. Fonte: Radioterapia do INCA, 2023.

Foto 5 – Maquete eletrônica do projeto da entrada da sala de tratamento. Projeto de Elisa Bittar, Epitácio Panda, João Vicente Guimarães e Luiz Aguiar. Fonte: Radioterapia do INCA, 2023.


4. O desafio da execução
Após a conclusão do projeto, o desafio crucial passou a ser conseguir executar a obra sem comprometer a assistência aos pacientes. O setor da radioterapia opera de segunda a sexta-feira, das 6h30 às 22h, e é responsável pelo atendimento de 50 a 60 pessoas por dia. A maior preocupação girou em torno do aparelho utilizado no tratamento, que é extremamente sensível e cujo funcionamento poderia ser interrompido por qualquer interferência.

O horário para a realização da obra ficou definido das 22h às 4h, e o atendimento aos pacientes passou a começar às 8h. Com isso, seria possível verificar eventuais comprometimentos na calibragem do equipamento antes do início das sessões, além de assegurar a adequada limpeza da área.

Durante a obra, todos os dias, antes do início dos serviços, todos os elementos móveis eram removidos das salas, e a máquina radioterápica, isolada. Após o fim do expediente, os itens deslocados retornavam às suas posições originais e o aparelho era liberado para uso.

A obra foi finalizada com sucesso no fim de abril de 2024. O planejamento cauteloso da execução, que envolveu o gerenciamento de custos, tempo, riscos, entre outros, associado ao comprometimento dos colaboradores envolvidos no processo, resultou no alcance dos objetivos do projeto de humanização.

Foto 6 – Sala de tratamento após a inauguração da reforma, com projeções que remetem às estrelas.
Fonte: Arquivo pessoal dos autores, 2024.

Foto 7 – Sala do camarim pronta para receber as crianças após a inauguração da reforma.
Fonte: Arquivo pessoal dos autores, 2024.

Apesar de ainda não terem sido realizados estudos quantitativos e qualitativos, a equipe responsável pelo atendimento diário no setor da radioterapia infantil relata o impacto imediato que a intervenção arquitetônica causou. Foi possível reduzir ainda mais o número de crianças que necessitam de anestesia para conseguir fazer as sessões do tratamento.

Além disso, algumas crianças internadas no hospital têm procurado a sala de espera apenas para brINCAr, o que mostra a boa aceitação em relação ao novo conceito da decoração.

 

Fotos 8 e 9 – Sala de espera em uso após a inauguração da reforma.
Fonte: Arquivo pessoal dos autores, 2024.


5. Considerações finais
A humanização do ambiente hospitalar pode se manifestar por meio do atendimento ou da arquitetura. O atendimento está relacionado à forma como cada paciente é acolhido pelos funcionários da unidade de saúde. A arquitetura diz respeito a como o uso de atributos físicos e estéticos em um espaço pode exercer influência positiva sobre a sensação de bem-estar de cada indivíduo, contribuindo para a boa evolução do processo terapêutico.

Para Toledo (2006), o hospital humanizado é aquele que contempla, em sua estrutura física, tecnológica, humana e administrativa, a valorização e o respeito à dignidade da pessoa, seja paciente, seja familiar, seja o próprio profissional que nele trabalha. Paralelamente, Ulrich (1990) considera que existem três atributos para a humanização: o controle do ambiente; o suporte social; e as distrações positivas.
Em relação à humanização do atendimento, o Ministério da Saúde lançou projetos como o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar – PNHAH (Brasil, 2001) e a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão no Sistema Único de Saúde – PNH, também conhecido como HumanizaSUS (Brasil, 2004), para estabelecer diretrizes a serem colocadas em prática na rede de saúde pública brasileira.

No que diz respeito à humanização arquitetônica, a partir da década de 1980, importantes pesquisas realizadas mostraram que o ambiente físico hospitalar exerce influência sobre os pacientes. Nesse contexto, destaca-se o trabalho primoroso de Roger S. Ulrich, pesquisador mais citado internacionalmente no âmbito do design de saúde baseado em evidências e que impulsionou discussões na área de arquitetura e saúde em todo o mundo.

Um projeto hospitalar precisa atender a questões técnicas e funcionais, respeitar as exigências normativas e limitações orçamentárias e, ao mesmo tempo, proporcionar suporte para as necessidades físicas e psicológicas de cada pessoa. Além de, principalmente, garantir a promoção da saúde.

Com o exemplo das iniciativas colocadas em prática na radioterapia infantil do INCA, podemos verificar que, apesar dos recursos financeiros limitados, é possível colocar o paciente como protagonista do processo terapêutico, criando ações e um design personalizado para suas necessidades. Tudo isso sem deixar de lado a funcionalidade e todos os aspectos que precisam estar envolvidos no projeto arquitetônico e no protocolo de atendimento oncológico, deixando um pouco de lado a ideia de que o hospital é um local ligado à dor e ao sofrimento.

Nesse contexto, o Instituto Desiderata (2015) conclui que quando o setor de um hospital se interessa pela modificação do ambiente é por perceber que seus espaços podem ser transformados em locais mais empáticos, que potencializem positivamente as relações estabelecidas entre profissionais, pacientes e cuidadores e, em alguma medida, amenizem os impactos do tratamento.

Culturalmente, hospitais são relacionados a espaços hostis, desagradáveis e impessoais, que exercem medo e incômodo nas pessoas. No caso apresentado neste trabalho, é fundamental que as crianças e seus familiares se sintam acolhidos e confiantes, especialmente em um momento repleto de incertezas, temor do desconhecido, ansiedade e estresse, sentimentos comuns na vida das pessoas que enfrentam o câncer.

Os acompanhantes precisam se sentir seguros para oferecer o suporte afetivo necessário ao paciente. A criança que se apresenta calma e sem medo pode reduzir a necessidade de anestesia, evitando efeitos colaterais da medicação e reduzindo o tempo de atendimento, permitindo que mais pacientes sejam atendidos por dia, conforme apontou Magalhães (2020).

As pesquisas científicas no campo da saúde e da oncologia têm permitido evoluções significativas nas taxas de cura do câncer infantojuvenil. Dessa forma, medicina e arquitetura juntas têm a capacidade de contribuir para a melhoria do processo terapêutico do tratamento contra o câncer.

Como próximos passos, é necessário que a experiência da reforma do setor da radioterapia infantil do INCA seja submetida a uma Avaliação de Pós-ocupação (APO) para avaliar de forma mais detalhada a eficácia do projeto, identificar pontos passíveis de melhorias, compartilhar as lições aprendidas, incentivar possibilidades de criação de novas intervenções dentro da própria instituição e contribuir para a realidade de outros hospitais, principalmente da rede pública do Brasil, onde ainda é difícil aplicar o conceito de humanização arquitetônica.

É importante que os avanços na forma de pensar e conceber as unidades de saúde não se restrinjam aos estabelecimentos particulares do nosso país. De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria, o número de brasileiros que utilizou algum serviço em hospital público nos últimos 12 meses cresceu de 51%, em 2011, para 65%, em 2018 (CNI, 2018). Isso mostra que a rede do SUS precisa estar cada vez mais preparada para o atendimento da população, inclusive no aspecto da estrutura física.

Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://redehumanizasus.net/acervo/humanizasus-politica-nacional-de-humanizac%cc%a7a%cc%83o-a-humanizac%cc%a7a%cc%83o-como-eixo-norteador-das-praticas-de-atenc%cc%a7a%cc%83o-e-gesta%cc%83o-em-todas-as-insta%cc%82ncias-do-sus/. Acesso em 16 de março de 2024.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnhah01.pdf. Acesso em 16 de março de 2024.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI. Retratos da sociedade brasileira. Saúde pública. Avaliação da saúde pública é ruim e vem piorando. Ano 7, n. 44. – Brasília, junho de 2018. Disponível em: https://static.portaldaindustria.com.br/media/filer_public/18/7f/187f1473-2603-4b06-a8a1-070486293e98/retratosdasociedadebrasileira_44_saude.pdf. Acesso em 1º de março de 2024.

FONTES, M. Humanização dos espaços de saúde: contribuições para a arquitetura na avaliação da qualidade do atendimento. 2007. Tese (Programa de Pós-graduação em Arquitetura – PROARQ) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
INCAvoluntário. Conheça o projeto Banco do Bem e seus resultados em 2023. Disponível em: https://www.INCAvoluntario.org.br/fique-por-dentro/conheca-o-projeto-banco-do-bem-e-seus-resultados-em-2023/. Rio de Janeiro: INCAvoluntário, 2024. Acesso em: 04 julho 2024.

INCAvoluntário. Revitalização da Radioterapia Infantil. Disponível em: https://www.INCAvoluntario.org.br/fique-por-dentro/revitalizacao-da-radioterapia-infantil/. Rio de Janeiro: INCAvoluntário, 2024. Acesso em 4 julho 2024.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (BRASIL). Estimativa 2023: Incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2022. Disponível em: https://www.INCA.gov.br/sites/ufu.sti.INCA.local/files//media/document//estimativa-2023.pdf. Acesso em 1º de março de 2024.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (BRASIL). INCAvoluntário. Rio de Janeiro: INCA, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/INCA/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/voluntariado/INCAvoluntario. Acesso em 4 de julho de 2024.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (BRASIL). Manual do INCAvoluntário. Rio de Janeiro: INCA, 2014. Disponível em: https://www.INCA.gov.br/sites/ufu.sti.INCA.local/files/media/document/INCA2014005_INCAvoluntario_manual_22_completo_1.pdf. Acesso em 4 de julho de 2024.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (BRASIL). Radioterapia. Rio de Janeiro: INCA, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/INCA/pt-br/assuntos/cancer/tratamento/radioterapia#:~:text=Sendo%20na%20%C3%A1rea%20de%20cabe%C3%A7a,antes%20de%20iniciar%20o%20tratamento. Acesso em 15 de julho de 2024.

INSTITUTO DESIDERATA. Humanização em oncologia pediátrica: uma experiência de ambientação de hospitais públicos no Rio de Janeiro / Instituto Desiderata. Rio de Janeiro: O Instituto, 2015. Disponível em: https://desiderata.org.br/wp/wp-content/uploads/2019/01/humanizac%CC%A7a%CC%83o_oncologia_pediatrica_para_Experiencia-1.pdf. Acesso em 17 de julho de 2024.

KHURMI, N. et al. Anesthesia Practice in Pediatric Radiation Oncology: Mayo Clinic Arizona’s Experience 2014–2016. Pediatr Drugs 20, 89–95, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s40272-017-0259-8. Acesso em 4 julho 2024.

MAGALHÃES, D. Radioterapia pediátrica: experiência clínica e humanização. 2020. Dissertação (Mestrado Profissional em Saúde Materno-Infantil) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.

MAGALHÃES, D.; MAGALHÃES, G.; GRIGOROVSKI, N.; FIGUEIREDO JUNIOR, I. Dinâmica da Implantação de Humanização no Serviço de Radioterapia Pediátrica do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Brasil. Revista Brasileira de Cancerologia, Internet, 10 de maio de 2022. Disponível em: https://rbc.INCA.gov.br/index.php/revista/article/view/1662. Acesso em 1º de março de 2024.

TOLEDO, Luiz Carlos. Humanização do edifício hospitalar, um tema em aberto. 2006. Disponível em: https://www.redehumanizasus.net/sites/default/files/humanizacao_edificio_hospitalar.pdf. Acesso em 16 de julho de 2024.

ULRICH, Roger S. View through a window may influence recovery from surgery. Science, 1984, v. 224, p. 420-421. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/17043718_View_Through_a_Window_May_Influence_Recovery_from_Surgery. Acesso em 16 de julho de 2024.

ULRICH, Roger S. Effects of healthcare Interior Design on Wellness: Theory and recent scientific research. In: Symposium on Healthcare Design, 3, 1990, San Francisco. Innovations in Healthcare Design: selected presentations from the first five Symposia on Healthcare Design. New York: Sara O. Marberry, 1995. p. 97 – 108. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/13173950_Effects_of_interior_design_on_wellness_Theory_and_recent_scientific_research. Acesso em 16 de julho de 2024.
Outras edições