IPH - Instituto de Pesquisas Hospitalares

Publicações Revista IPH Revista IPH Nº 13: Anais Inserção da Qualidade e Segurança no Processo de Educação

Capa revista 13
Inserção da Qualidade e Segurança no Processo de Educação Sonia Regina Pereira, Rita Simone Lopes| Moreira, Fernanda Amaral R. Chaves
A Portaria MS/GM nº 529/2013 estabelece um conjunto de protocolos básicos, definidos pela OMS. Duas questões motivaram a OMS a eleger esses protocolos: o pequeno investimento necessário para a sua implantação e a magnitude dos erros e eventos adversos decorrentes da falta deles. O avanço na área da saúde vem acompanhado da ascensão da tecnologia, exigindo dos profissionais que atuam nesse setor a busca de conhecimento continuado, para que haja um equilíbrio entre eles no cuidado ao paciente.

A Classificação Internacional de Segurança do Paciente da OMS pretende fornecer uma compreensão global do domínio da segurança do paciente. Tem como objetivo representar um ciclo de aprendizagem e de melhoria contínua, realçando a identificação, a prevenção, a detecção e a redução do risco; a recuperação do incidente e a resiliência do sistema. A aprendizagem e a melhoria da qualidade devem permear as complexidades do sistema de saúde, que está ligado a diversas fontes de informações e a diferentes campos de atuação, entre profissionais, equipe, paciente e tecnologia.

Muitos pesquisadores têm proposto que as estratégias para segurança do paciente devem seguir os modelos utilizados na aviação e nas indústrias de energia nuclear, acreditando que se obterá o mesmo sucesso. Todavia, a realidade é provavelmente mais complexa.

O movimento de promoção da segurança do paciente nos serviços de saúde começa a ter sentido no momento em que sai do "papel" - ou seja, que deixa de ser um projeto ou um regulamento para cumprir etapas de processo de aprendizado de recomendações de gestores, ou até das bases de dados dos responsáveis pelo gerenciamento de risco - e se constitui como uma mudança de cultura que se fundamenta na atenção ao paciente e à sua família.

Aceitar a transição da mentalidade de crasftsman (meu paciente) por profissionais da mesma categoria é uma das barreiras a serem vencidas  pela equipe que presta serviços.

A criação de um sistema seguro implica na normalização da atividade dos diversos profissionais, de maneira que a qualidade não sofra variações inapropriadas. Para alcançar os próximos níveis de segurança, profissionais de saúde devem enfrentar uma transição muito difícil: abandonar seu status e sua autoimagem de ser o artista que solitariamente é responsável pelo resultado e, em vez disto, adotar uma posição que valorize a equivalência entre os diferentes profissionais que atuam no sistema de saúde. Criar uma cultura de segurança impulsiona os profissionais a serem responsáveis pelos seus atos por meio de uma liderança proativa, na qual se potencializa o entendimento e se explicitam os benefícios, assegurando a imparcialidade no tratamento dos eventos adversos, sem tomar medidas de punição frente a ocorrência dos mesmos.

Em estudo de revisão e meta-análise, pesquisadores examinaram criticamente a literatura para identificar os estudos que apontavam a importância de crenças, atitudes e comportamentos que fazem parte da cultura de segurança nos hospitais. Identificaram várias propriedades, que organizaram em sete subculturas, conforme descrito: Liderança, Trabalho em equipe, Comunicação, Aprender com os erros, Justiça, Cuidado centrado no paciente e Prática baseada em evidência. O ensino desse conteúdo entre todos os profissionais de saúde pode ser uma chave essencial para que todos sejam e sintam-se responsáveis a prestar um cuidado seguro.  A inserção desse conteúdo como obrigatório na formação do residente multiprofissional pode promover a construção de profissionais mais críticos e uníssonos nessa prática.




Sonia Regina Pereira
Profa. Adjunta/Departamento de Enfermagem Pediátrica/Escola Paulista de Enfermagem/UNIFESP
Graduação em Enfermagem
Especialista em Pediatria e Puericultura
Mestre em Enfermagem Pediátrica
Doutora em Enfermagem
Coordenadora Geral de Residências em Saúde/Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde/SESu/MEC
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